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Electric Dragon 80,000 V

Quando era criança “Dragon Eye” Morrison foi acidentalmente electrocutado enquanto brincava num poste de alta tensão. O choque electrico causou-lhe com que a parte do cerebro que controla as emoções deixasse de funcionar. Desde então, a sua vida foi um mar de violência. A única forma que tem para manter-se em estado normal é tocar na sua guitarra electrica, isto porque ela conduz electricidade mantendo-o assim o seu estado emocional equilibrado.

Morrison passa o dia a trabalhar como caçador de répteis, Thunderbolt Buddha (um homem com metade da cara normal e o outro lado de Buda) decide fazer de “Dragon Eye” Morrison o seu maior inimigo.Quando se encontrarem a batalha começará!


Electric Dragon 80,000 V é uma delirante obra de arte de Sogo Ishii que recentemente esteve na 13ª edição do Festival de Curtas de Vila do Conde. Ao longo de 55 minutos assistimos a um duelo demente entre a raiva de um guitarrista de heavy-metal interpretado por Tadanobu Asano e a calma de um techno-Buda no papel de Masatoshi Nagase (que por sinal também contracena com Asano em Gojoe, de Sogo Ishii).

Ambos os persongens comandam as forças da electricidade, e usam-na para combater um contra o outro. Raios luminosos, cadeiras electricas, maquinas de choque, transformadores explosivos, répteis, telemóveis sem falar em guitarras fazem parte do arsenal para a batalha.


Sem ângulos complexos de camera e grandes técnicas de filmagem, todo o filme é-nos apresentado em contraste de preto e branco, normalmente filmado à noite ou durante o dia mas com imensa exposição, o que torna o filme tão intenso e espectacular ao nível visual.

A banda sonora criada por Yoshiya Obara é um estranho namoro onde a música industrial a fazer-nos lembrar os antigos registos dos Einstruzend Neubauten anda de mãos dadas com o virtuosismo de uma guitarra à la Hendrix.

Quase sem guião e dialogos Tadanobu Asano (a estrela do filme é um dos actores mais representados nos filmes que foram exibidos em Vila do Conde), deve ter umas sete linhas de texto em todo o filme, mas a sua participação extendem-se aos explosivos desenhos que separam algumas sequências do filme. Também a narrativa frenética e maniaca editada por torna este filme de Sogo Ishii uma brilhante obra cinematográfica. Todo o filme é como um livro de manga, mas sem história.


Facilmente Electric Dragon é termo de comparação com um dos filmes de culto do cinema japonês, Tetsuo de Shinya Tsukamoto. Apesar das semelhanças serem algumas (a ausência de cor e a energia cinética visual extrema), Electric Dragon 80,000 V é ou continua a ser um dos melhores filmes “Low-Fi” feitos até à data.

Este frenético filme é um deleite visceral, um exercício estético que não nos oferece nada intelectualmente, mas que nos causa sensações e experiências sensoriais que dificilmente esqueceremos depois de as visualizar.

Electric Dragon 80,000 V é um filme para um determinado tipo de público e por isso não recomendado para qualquer pessoa, mesmo assim é uma excelente oportunidade para experimentarmos algo completamente único.

Autor: Fernando Ferreira

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