«O facto de eu estar viva é uma coisa tão encantadora e maravilhosa que me faz querer viver mais e mais» é como termina o diário de Aya Kito (1962-1988) e que já conta com mais de 18 milhões de exemplares vendidos e rapidamente tornou-se num best-seller. Não foi preciso esperar muito tempo para que a versão televisiva aparecesse e mais tarde passar para o grande ecrã.
O diário relata a luta constante de Aya contra a doença rara que contraiu e que foi diagnosticada bastante cedo. Aya Ikeuchi (Sawajiri Erika), é uma rapariga colegial de 15 anos e filha de uma família de comerciantes de tofu. É com esta idade que Aya começa a ver a sua vida a mudar apesar de inicialmente não dar grande importância às situações anormais que lhe vão acontecendo. Mas ao aperceber-se disto Shioka Ikeuchi (Yakushimasu Hiroko), a mãe de Aya pede-lhe que consulte um médico para ser examinada.
O médico informa Aya que ela sofre de ataxia, uma degeneração espino-cerebral que detreora o cérebro até ao ponto de não poder andar, falar, escrever ou mesmo comer, no entanto a memória como a mente não são afectadas.
A partir deste dia começa uma luta desesperada da família e amigos, em especial o namorado Asou Haruko (Nishikido Ryo), filho de um médico bem conceituado e que apesar de ter uma visão bastante negativa da vida, não desiste de procurar também ele uma possibilidade de cura para Aya.
O que torna este dorama especialmente profundo e sério é a normalidade com que Aya reage à notícia da sua doença, sabendo que mais cedo ou mais tarde as suas forças mentais e físicas vão gradualmente se deteriorando ao longo da sua vida (no dorama).
A interpretação de Sawajiri Erika é brilhante. Nunca imaginei que ela conseguisse interpretar um papel desta dimensão, isto porque os jovens actores/actrizes japoneses não choram na televisão (talvez por não o saberem fazer naturalmente). Mas Sawaji sim e indiscutivelmente adiciona uma verdadeira carga emocional ao seu desempenho no série.
O mesmo veio a acontecer no ano seguinte em que Sawajiri entra num novo dorama “Taiyou no Uta”com actriz principal e também aqui desempenha brilhantemente o seu papel.
A banda sonora ficou a cargo de K com o tema Only Human e Sangatsu Kokonoka dos Remioromen.
Com o título original de “Ichi ritoru no namida” (Um litro de lágrimas, em português) esta série foi transmitida na Fuji TV no ano de 2005 e é possivelmente a série televisiva mais triste que eu já vi. Para ser sincero ao ver esta série derramei muito mais de que um litro de lágrimas e fez-me olhar para a vida de uma outra forma.
Em resumo, “Ichi ritoru no namida” é uma série obrigatória para todos os que gostam deste formato televisivo.
Escrito por: Fernando Ferreira