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Rurouni Kenshin: Densetsu no Saigo

Chegamos finalmente ao último filme da trilogia, Rurouni Kenshin: Densetsu no Saigo, que partilha a mesma equipa técnica de Rurouni Kenshin (2012) e Rurouni Kenshin: Kyoto Taika Hen (2014) que inclui o realizador Keishi Ohtomo e o director de fotografia Takuro Ishizaka.

Para quem ainda não conhece, a trilogia adapta ao cinema o manga de Watsuki Nobuhiro, Rurouni Kenshin: Meiji Kenkaku Romantan, publicado entre 1994 e 1999 na Shonen Jump. A obra teve ainda uma adaptação anime entre 1996 e 1998 num total de 95 episódios (anime esse que passou em Portugal com o nome Samurai X) transmitidos pela Fuji Tv.

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Rurouni Kenshin: Densetsu no Saigo começa imediatamente a seguir aos eventos que encerram Rurouni Kenshin: Kyoto Taika Hen onde Kenshin Himura (Takeru Sato) é encontrado na praia por Seijuro Hiko (Masaharu Fukuyama) depois de se ter atirado ao mar tentando salvar Kaoru Kamiya (Emi Takei).

Agora na segurança da casa de Hiko, Kenshin pede ao mestre que lhe ensine a última técnica do Hiten Mitsurugi e no processo vê-se obrigado a lutar contra os seus demónios e a renascer, mais forte e mais capaz de derrotar Makoto Shishio (Tatsuya Fujiwara).

Já em Tokyo, Shishio ordena a Hirobumi Ito (Yukiyoshi Ozawa) que Himura seja considerado um fugitivo, encontrado e sentenciado à morte. Temendo que o vilão bombardeasse a capital, o agora Primeiro-ministro do Japão não tem outra opção senão concordar com as exigências (embora a polícia use este tempo para encontrar formas de combater Shishio).

Alguns dias depois, preparado para derrotar o vilão, Kenshin segue para Tokyo por um caminho secreto, usado pelos Oniwabanchu no Período Edo, onde acaba por se deparar com Aoshi Shinomori (Yusuke Iseya) cujo ainda deseja conseguir para si o título do “mais forte” durante o batalha de Toba-Fushimi. Himura derrota Aoshi, obrigando-o a reavaliar a sua própria vida, e continua a sua viagem.

Chegado à capital, Kenshin é preso e levado ao encontro de Ito, visivelmente pouco feliz com a decisão de executar aquele que fora em tempos o seu melhor soldado. Depois de uma breve conversa, Himura garante a Ito que consegue derrotar Shishio. Os dois decidem então organizar uma falsa execução permitindo ao protagonista uma forma de se aproximar do vilão.

O plano é um sucesso e juntamente com Sanosuke Sagara (Munetaka Aoki), que viera assistir à execução, Kenshin segue para o navio de Shishio. Antes de chegarem ao vilão, no entanto, Sanosuke vê-se obrigado a lutar contra Anji Yukyuzan (Tomomi Maruyama) e Kenshin vê-se novamente frente a frente com Soujiro Seta (Ryunosuke Kamiki).

Himura é o primeiro a enfrentar Shishio, e o último. Depois de um “duelo” a cinco em que Shishio tem de enfrentar Hajime Saito (Yosuke Eguchi), Sano, Aoshi e Kenshin, vilão e protagonista têm finalmente o seu confronto final onde Himura derrota Makoto com o seu Hiten Mitsurugi Ryu Ougi, Amakakeru Ryuu no Hirameki.

Rurouni Kenshin: Densetsu no Saigo termina com Ito a anunciar a morte do Battousai. Tudo voltou ao normal e uma nova vida espera Himura Kenshin.

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À semelhança do que aconteceu a Rurouni Kenshin: Kyoto Taika Hen, Rurouni Kenshin: Densetsu no Saigo junta momentos verdadeiramente interessantes com outros que prefiro esquecer que existem.

Vamos começar pelos bons momentos. A primeira cena do filme, embora não exista no Manga, consegue sumariar de forma sublime uma memória passada que mostra ao espectador o dia em que mestre e aprendiz se conheceram ao mesmo tempo que revela a depressão vivida pelo protagonista, que continua a cavar sepulturas, permanecendo preso ao seu Passado e incapaz de seguir em frente. Algo que aliás é de certa forma partilhado com Aoshi Shinomori que permanece na busca de Himura, convencido que ao derrota-lo conseguirá para si o título de “o mais forte” fazendo com que o seu Presente e Futuro façam mais sentido. O duelo dos dois, para além de ser para mim o melhor duelo de todo o filme, é ainda o momento em que, à semelhança de Kenshin, Aoshi percebe que o seu Futuro está nos seus actos do Presente e não num desejo de reviver eternamente o Passado.

No final ambos têm o que promete ser uma nova vida. Aoshi consegue finalmente superar os seus demónios e vemo-lo até aceitar a ajuda e companhia de Misao. Por outro lado, Kenshin vê os seus crimes “perdoados” quando Hirobumi Ito anuncia a morte do Battousai. Para além disto, será que vemos Kenshin pedir Kaoru em “casamento”? Na última cena do filme Himura pega numa folha de Outono e oferece-a à jovem perguntando “gostarias de tomar conta deste país comigo?”. O que vocês acham?

A chegada de Kenshin a Tokyo é ainda outro ponto alto, numa cena que lembra a chegada do protagonista à cidade no primeiro filme, embora o seu ar mais calmo e sereno deia agora lugar a uma aura mais negra. Da primeira vez o país “acabara” de chegar a uma era de paz e agora parece que tudo voltará a entrar numa era de terror.

Finalmente, embora já tenha referido isso na outra review, sublinho a ideia genial que tiveram em fazer o duelo final no navio. Enquanto no manga este acontece numa Mansão, isto acabaria por se tornar monótono pois o confronto final de Rurouni Kenshin é também numa mansão. Desta forma o argumento leva o espectador a um novo cenário de batalha, dando um pouco de “ar fresco” àquele que é o momento derradeiro da história.

Não posso ainda deixar de referir um momento engraçado já após a batalha no navio em que todos os personagens possuem um “parcerio” excepto Saito. Kenshin apoia-se em Kaoru, Sano a Yahiko e até Aoshi tem Misao a seu lado. No fundo do plano temos então Saito, sozinho.

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Infelizmente este filme traz também algumas das cenas que mais me desapontaram. Temos o duelo de Saito. Qual duelo? Exacto. Enquanto no manga Saito tem de confrontar Usui Uonuma, um homem que apesar de cego é bastante perigoso, no filme Saito usa apenas um ataque para o derrotar. Ridiculo? Talvez um bocadinho. Mas não é apenas Uonuma que é vitima deste esquecimento ou apressar narrativo. Todos os Juppongatana (As Dez Espadas) são assassinos com técnicas capazes de vencer o mais “normal” dos soldados. Pelo menos até ao filme, onde são capturados pela polícia, excepto Cho Sawagejo (Ryosuke Miura) que é derrotado por Kenshin e Anji Yukyuzan cujo é vencido por Sanosuke num duelo que por si só já davam mais umas linhas de reclamação.

Finalmente, temos o confronto final do quarteto contra Makoto Shishio. Para além do facto de Aoshi literalmente aparecer do nada (Kenshin e Sano vão com a polícia, Sano provavelmente também mas a não ser que o Aoshi tenha vindo com Saito, algo de muito errado se passou aqui), Shishio é criado como um adversário impossível de matar (sendo o único personagem que parece permanecer com os seus poderes sobre-humanos do manga) que no final é morto por Himura? Eu li o manga, vi o anime e sei que de facto Kenshin não mata o vilão. Apesar de todos os esforços, o protagonista falha a sua missão e Shishio acaba por morrer devido aos seus ferimentos cujos culminam na sua autocombustão. No entanto, no filme Shishio recebe o último ataque de Kenshin, arrasta-se até Yumi Komagata (Maryjun Takahashi), profere as suas últimas palavras e sim, entra em combustão. Mas o espaço que deram entre o ataque de Kenshin e a morte de Shishio parece mais em concordância com o primeiro ter morto o segundo e não que a morte de um dos maiores vilões do manga aconteceu porque o seu corpo não aguentou o confronto.

Tirando estes pequenos factores, aconcelho de facto os fãs da série a verem Rurouni Kenshin: Densetsu no Saigo. Continuo a sentir que à semelhança do segundo filme, este foi realizado à presa, com cortes no orçamento que possibilitassem a produção de dois filmes com o dinheiro de um. Com cenas menos importantes demasiado longas e outras fundamentais inexistentes. Mas a obra é de facto uma boa adaptação, comparada a outras, e é uma boa oportunidade de vermos os nossos personagens favoritos ganhar vida.

Escrito por: Ângela Costa

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