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Shintoísmo

As raízes do Shinto (a primeira religião do Japão) são no fundo as das vivências mais primordiais do povo Japonês e de outros povos: a consciência de serem parte da natureza e a necessidade de conseguirem a veneração e a comunhão com o que de mais elevado e superior nela há, o que foi denominado por Kami, e que é ora a qualidade extraordinária de algum ser, coisa ou fenómeno, ora os seres ou espíritos subtis que nos rodeiam, seja de deuses, anjos, antepassados, espiritos, espíritos da natureza e que fundamentalmente nos podem inspirar, proteger e prosperar.

Mas certamente a origem dos kami é um mistério: nasceram eles de uma clarividência primitiva que conseguiu ver espíritos e anjos em fenómenos e momentos, de que as e os shamanes são testemunho, ou foram eles criados pelos seres humanos, seja a partir de uma animalização de seres e fenómenos cosmológicos e naturais, seja a partir de rituais e crenças em que certas formas de energia-pensamento (egrégoras) nasceram ou mesmo em que certos seres ou objectos foram investidos ou animados de energias mais fortes ou perenes e partir daí divinizados?

Apesar da origem misteriosa, os Kami ao longo dos séculos sobreviveram a todas as vicissitudes da história e continuam vivos nas almas das pessoas e em alguns ou muitos dos seus santuários e certamente no mundo psíquico da alma mundo, da grande alma da terra, do Japão e dos que os amam…

O Shinto, o caminho dos espíritos ou do espírito (shin), caracteriza-se por uma veneração regular e continuada destes mundos e seres espirituais, ou ainda por um fluir ou navegar nas águas ou energias da natureza, da espontaneidade e da gentileza, da beleza, respeito e gratidão e, embora tenha a sua terra mãe no Japão, também entre nós lusitanos é cultivado ou praticado.

Este culto diário, e que é intensificado em certos momentos, é designado por matsuri que significa servir e que tem os seus momentos de máxima força nos festivais (matsuris) anuais, cíclicos ou sazonais em que participam de alma e coração a maior parte das pessoas da zona ou cidade e na qual os kamis (em si mesmo ou em partes da Natureza) são invocados e culturados de múltiplas formas, embora basicamente pela purificações (harai), ofertas, cantos musicados, orações (noritos), danças e comunhão alimentar, derramando então sobre as pessoas e a Natureza as suas bênçãos.

Escrito por: Pedro Teixeira da Mota

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