Agora que temos isto claro nas nossas mentes, vejamos este filme sobre um mastiff tibetano. Um miúdo é levado da sua cidade chinesa para o meio do Tibete, onde há planícies, cães e ovelhas. Muito inadaptado acaba por fazer amizade com um cão (Doogee) que aparece do nada. Depois lutam contra um monstro não especificado e Doogee ensinou ao miúdo tudo sobre a coragem e a amizade. Hã-hã, perfeitamente.
O problema deste filme é que deseja muito ter uma moral. E não tem. A inadequação do personagem principal está mal explorada e a sua união ao cão aparece quase como um acaso. Assim o filme torna-se muito fraco nas suas expectativas e bastante previsível durante toda a narrativa.
A arte é sem dúvida bela, com uma excelente caracterização das planícies tibetanas. Aliás, o mais interessante deste filme é mesmo o “setting”, que está perfeitamente enquadrado, quer na paisagem quer nos hábitos das pessoas que a povoam (no comer, no vestir, etc.) Em termos de animação, as cenas de luta com o monstro poderiam ter sido muito mais interessantes.
É interessante ver que este filme, que é anime, está falado em Chinês. A língua ajuda na manutenção do ambiente que nos é proposto, se bem que a língua chinesa me soa um bocado estranha (a mim, que não oiço muito bem). Os efeitos sonoros passam desapercebidos e a música Echoes que escutamos nos créditos, interpretada pela cantora tibetana Alan Dawa Dolma destoa um pouco.
Mas o que mais me fez confusão foi sem dúvida… Os cães não se comportarem como cães. Pelo amor de Deus, metam nas vossas cabeças que nas matilhas não há um “chefe que dá ordens” e metam nas vossas cabeças que a agressividade canina não funciona assim. E eu sei, porque estou há seis meses de volta deste assunto.
A longa-metragem foi lançada em Janeiro de 2011 e produzido pelos estúdios chineses Sina Entertainment em parceria com a Madhouse sob a direcção de Kojima Masayuki (Monster, Master Keaton) que também foi o argumentista. O desenho de personagens ficou a cargo de Naoki Urasawa (Monster, 20th Century Boys).
Estão aqui pelo menos duas ou três referências que nos fazem pelo menos dar uma vista de olhos por este Tibet Inu Monogatari.
Escrito por: Carol Louve