Quando fui ler algumas críticas deste anime, pouco depois de o começar, vi-o classificado como “noir”. E achei interessante que estivesse a ver um anime “noir”. Mas depois fui ver algumas características dos verdadeiros “film noir” e não creio que esta classificação esteja correcta.
Existe um anti-herói, no caso um negociador de sequestros e uma femme fatale. O ambiente é tristonho e deprimido, muito pouco colorido e com algum ênfase no preto contra o branco, sobretudo no que respeita ao design dos personagens. Mas a história e a motivação dos elementos desta não correspondem ao “trope” original. Assim, conforme sugestão, permitam-me que classifique este anime como “neo-noir”.
Big O é um robot gigante, conduzido pelo negociador de sequestros Roger Smith. Tem uma android como governanta e ajudante e um criado zarolho que carrega grandes armas consigo. Em todos os episódios Big O encontra um robot gigante novo com quem lutar, um megadeus, e destrói toda a cidade no processo. Tem um amigo na polícia. E são episódios de destruição atrás de episódios de destruição até que, circa episódio 18, temos uma história um pouco mais completa, mas ainda assim sem grande mistério e complexidade.
Os personagens Roger e Dorothy são interessantes pois trazem momentos de humor algo irónico. Roger, apesar de estar apresentado como um pouco anti-herói, até é uma pessoa bastante simpática e bem humorada, que gosta de dormir até tarde.
Dorothy tem alguns momentos geniais de humor, pois – sendo um robot – não tem qualquer expressão. Ainda assim diz coisas muito desadequadas para robot, que revelam a sua humanidade que, em minha opinião, não deveria existir. O episódio do gato é um exemplo forte disto (ops… que iam saindo uns spoilers…).
Assim o anime ganha interesse não pela história ou personagens mas pelo ambiente artístico. As cores são parcas e a animação tem traços fortes, apesar de não ser nada de extraordinário. Muitas explosões e prédios a cair. Paradigm City, a cidade onde vivem tem uma característica especial: é uma cidade sem memórias, pois há 560 anos toda a gente se esqueceu de tudo (o que lembra bastante A Wind Named Amnesia). Não me pareceu que este conceito fosse suficientemente explorado.
O ambiente é coroado por uma excelente banda sonora, com muito jazz e blues, muito piano e saxofone. A música trás muita melancolia à série, o que por vezes não corresponde às personalidades dos personagens nela inseridos.
Produzido no ano 1999 de pela SUNRISE (responsáveis pelo anime Gundam), The Big O é realizado por Kazuyoshi Katayama (Appleseed e Giant Robo) como o design de personagens a ficar a cargo de Keiichi Satou (Saint Seiya The Movie).
The Big O tinha tudo para ser um clássico. Talvez se não tivesse mechas feiosos o tivesse conseguido. Mesmo assim, ainda pode ser uma interessante sugestão para os fãs mais nostálgicos interessados em animes de outros tempos.
Escrito por: Carol Louve