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[Guia] : Onsen

Depois de uma viagem de autocarro (ler artigo) pelas ruas japonesas nada melhor do que descansarmos…

Quão confortáveis estão com a vossa nudez e a nudez dos outros? Numa escala de “ah eu não gosto de ir à praia…” até “nudismo ao ar livre é a minha ideia de conforto” as onsen japonesas estão mais perto desta última.

Numa onsen vocês despem-se à frente de outras pessoas, lavam-se à frente de outras pessoas, relaxam (?) em água quente dentro da mesma “sopa” que as outras pessoas… No entanto é tudo surpreendentemente privado visto que os sexos são separados (sim, a manga e anime inventam muito) e tendo em conta que ninguém está a olhar para as outras pessoas nestas circunstâncias. Se forem pessoas que não reagem muito à vossa própria nudez ou à dos outros, e encaram a diversidade dos corpos com naturalidade, então não vão ter problema nenhum numa onsen.

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Em primeiro lugar devem ir acompanhados, ninguém (especialmente ocidentais) desfruta da coisa sozinho porque é interessante comentar as coisas quando as experimentamos e porque assim vos vão explicando o que fazer. Se tiverem amigos lá, vão com eles, se não então procurem outros ocidentais como por exemplo professores de inglês (há muitos!) e depois de perguntarem “qual é a onsen que me recomendas?” vão ver que ele/ela vos responde “ah, a minha preferida é X, vamos lá amanhã?” Sim, as pessoas depois de viverem no Japão algum tempo adquirem rapidamente o à-vontade corporal característico do ambiente das onsen.

Depois de pagarem a entrada (entre 600 a 2000 yenes, depende do luxo), recebem chinelos e toalha. Também passam por uma sala de cacifos para deixar tudo o que não seja a roupa que têm no corpo (ficam com as meias mas sem sapatos). Podem ficar com a chave do cacifo ou, em alguns casos, existe um balção que regista o vosso nome e nº de cacifo. Depois vão para a sala dos cestos.

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É nestes cestos em prateleiras que deixam a vossa roupa e os chinelos. Ficam totalmente nus e levam a toalha na mão. A partir deste ponto devem transportar a toalha sempre aberta, com ambas as mãos, à frente do vosso corpo, encostada. No caso das senhoras seguram a toalha ao nível do peito, cobrindo os seios (a toalha chega a meio da coxa), no caso dos homens seguram a toalha na cintura. Mas não a enrolem na cintura, isso é grosseria típica de ocidental ignorante!

É indelicado caminharem com timidez, desloquem-se airosamente e com à-vontade, ninguém vai olhar especado e tenham o cuidado de olhar para “o ambiente” e não fitar o corpo dos outros. Na verdade nem há muito tempo para o fazer, porque a seguir seguem para a sala de lavarem o corpo. Esta sala pode ser aberta para o espaço da onsen ou separada dela por uma porta. Durante o Verão o espaço de lavar o corpo também pode ser ao ar-livre.

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Sentam-se no pequeno banco e usam os chuveiros para se molharem, os sabonetes para se lavarem, e podem até usar os baldes para atirarem água por cima da cabeça (os baldes são mais comuns quando não há chuveiros), mas tenham cuidado para não gerarem uma confusão de salpicos e não incomodarem as pessoas no banco ao vosso lado. Lavem a área que usaram antes de a abandonarem. Geralmente existem esponjas e borrachas para deixarem tudo impecável. Aliás, também devem fazer isto se tomarem banho da casa de outras pessoas, quem usa o espaço deve deixá-lo completamente limpo para o seguinte. Depois de bem enxaguados e sem vestígio de sabão já podem ir para as “piscinas” de água termal. Não se esqueçam que a vossa toalha deve ir sempre convosco. Ou a colocam na margem da “piscina” ou, como os japoneses, sobre a cabeça.

A permanência na água quente pode provocar descida de tensão arterial, tonturas ou sonolência a quem não está habituado, por isso estejam lá só 5 minutos, depois tomem um duche frio e, se estiverem bem, voltem por mais 10 minutos. Se forem a onsen várias vezes podem ir estendendo o tempo de imersão até 20 minutos, mas isso é o máximo.

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Na onsen colectiva (mas sempre separada por sexos) as pessoas distribuem-se espaçadamente e ficam caladas (ou quase), não esbracejam nem provocam salpicos, e não se movem muito. Podem fechar os olhos ou, se o sítio tiver um belo cenário, contemplar a envolvência.

Vão sentir-se mesmo relaxados, com a pele macia, e com um novo nível de intimidade com a cultura japonesa, literalmente! Mas ainda não acabou… Existem variantes quanto ao que é tradicional fazer no estabelecimento depois do banho, mas geralmente é voltar à sala dos cestos, secar e vestir, e depois ir para uma área em que podem ter massagens variadas. Depois disso – e estão vestidos com a yukata que vos “ofereceram” (têm de devolver à saída) – há uma sala com TV ou rádio, e onde se vendem bebidas e dispõem sofás.

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A mim disseram-me que deveria tomar uma garrafinha de leite fresco (é mesmo bom!) e relaxar no sofá. Depois do banho quente e do leite ia adormecendo, claro. Ainda em torpor lá troquei a yukata pela minha roupa e saí para a rua, muito contente por me ter tornado fã de onsen.

Escrito por: Inês Carvalho Matos

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