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009 Re:Cyborg

009 Re:Cyborg trata-se de um projecto ambicioso, sendo uma colaboração da  Productions I.G. e da Ishimori Productions, que supervisiona as adaptações das obras relacionadas com o vasto corpo de trabalho de Shotaro Ishinomori. Ishinomori foi um popular autor de manga “shounen” dos anos 70, e a sua obra 009 Cyborg, lançada em 1963, é reconhecida como primeira equipa japonesa de heróis com poderes  precedendo toda uma geração de personagens capazes de se transformar. Sendo assim, ao longo do tempo tem sido alvo de diversas adaptações, filmes e remakes. Re:Cyborg, no entanto, é uma obra um bocado diferente do que se seria de esperar.

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Após nos aclimatizarmos à animação deste filme, que tenta, com sucesso misto, transmitir a sensação de uma animação tradicional enquanto providencia as necessárias cenas de acção para vender o efeito 3D, somos apresentados com um mundo pós 11 de Setembro e uma série de ataques terroristas, organizados por uma mão misteriosa e que leva a reactivação da unidade de Cyborgs do Dr. Issac Guilmore.

A equipa em si é talvez pouco convencional: por exemplo, o cyborg 001 (Ivan Whiskey) é uma criança de colo com poderes telepáticos e uma mente prodigiosa, e o número 006 (Chang Changku) é um cozinheiro que respira fogo.

O restantes caem mais dentro das linhas dos super heróis : 002 (Jet Link) tem um corpo equipado com reactores que lhe permitem voar a Mach 5, 003 (Françoise Arnoul) consegue ver através das paredes ou detectar objectos a longas distâncias, 004 (Albert Heinrich) pode usar as pontas dos dedos como uma metralhadora, 005 (Geronimo Jr) tem extraordinária força e uma pele à prova de bala, 007 (Great Britain) recebe a capacidade de transformar o seu corpo à vontade e 008 (Pyunma) é capaz de respirar debaixo de agua por longos períodos – note-se que estes dois últimos têm aparições apenas simbólicas no filme. Finalmente, resta o titular cyborg 009 : Joe Shinamura, um rapaz dotado de reacções e super velocidade, e líder da equipa.

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Apesar de todos terem uma história dramática por detrás, não evita o facto dos seus nomes e aparências ainda revelarem uma certa tendência para os estereótipos raciais que eram comuns na época da sua criação, nem faz esquecer o pastiche de ideias do outro lado do Pacífico.

Infelizmente, esses factores não são particularmente interessante na discussão do Re:Cyborg: A história começa com uma emocionante, mas confusa, recuperação de Joe (cujas memórias tinham sido bloqueadas) durante um ataque de misseis a um prédio onde se encontrava, prédio esse que ele próprio desejava explodir devido à Sua Voz – a mesma coisa que os terroristas capturados afirmam ter ouvido. Se isto soa confuso, é porque é.

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Armados com um conceito extremamente esotérico, o filme tropeça em deus ex machina para mover o enredo e morosos diálogos de exposição para explicar quem é o inimigo (se é que um existe) e a relação entre Joe e Jet  acaba por ser discutida durante três minutos no topo de um avião a jacto armado com uma ogiva nuclear.

Após mais um esclarecimento que implica que todos os ataques terroristas são devido ao facto de estarmos a construir edifícios muito altos e logo a criar uma nova Babel (!), o filme tenta retomar o caminho de um filme de acção, com uma missão quase suicida e uma inevitável redenção… seguida de um final que nos faz perguntar se isto, na verdade, não se tratava de uma promoção a uma qualquer seita japonesa obscura em vez de uma homenagem a um autor respeitado pela sua dureza com os personagens.

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O resultado não tem ponta por onde se lhe pegue, resumindo-se a uma série de más ou pelo menos questionáveis decisões de argumento. As melhores memórias ficam das poucas cenas de batalha bem concebidas e o respeito de tentar fazer algo diferente… mas definitivamente um filme que dificilmente recomendaria a alguém.

Escrito por: Nuno Sarmento

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