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Gogo Monster

No meu clubezinho, todas as semanas, também recomendam um manga. Eu nunca o leio, porque nunca leio no computador e tenho, portanto, de comprar todo o meu manga. Mas de repente, estava eu na Anicomics quando vejo este volume abandonado. Ninguém tinha sequer olhado para ele. Era caro, mas considerando que tinha capa dura e uma caixa em volta… E que estava recomendado para ler esta semana… Trouxe-o. Valeu a pena? Sim!

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Gogo Monster da autoria de Taiyo Matsumoto (Tekkonkinkreet e Ping Pong) é um manga muito denso e bastante difícil de “entrar”, mas à medida que se desenvolve torna-se numa história surrealista que se resume muito simplesmente: é a auto-descoberta de uma criança e o seu crescimento, ilustrados por uma metáfora visual.

Yuki é uma criança inadaptada que acredita em monstros escondidos pela escola. A sua estranheza é-nos colocada em perspectiva por Makoto, um rapaz “normal” que se tenta aproximar de Yuki e compreendê-lo. Como moderador temos Ganz, um senhor velhote que toma conta do jardim da escola. É Ganz quem informa o leitor de que Yuki não está, efectivamente, maluco: é um processo normal das crianças e ele já viu muitas a quem aconteceu o mesmo. Finalmente, o personagem mais misterioso do grupo: I.Q. É um menino que é muito inteligente, gosta de coelhos e vive com uma caixa na cabeça.

Acredito que este personagem seja outra criança incompreendida, como Yuki, mas que a caixa não seja real: a caixa é uma projecção do isolamento de I.Q., e a caixa vai crescendo e ficando negra até que no fim, depois de passarem pela “porta” se percebe que a caixa não é necessária. Existe a teoria de que I.Q. não é real, mas dado que ele aparece a interagir com quase toda a gente daquela escola não creio que ele seja uma alucinação colectiva.

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Agora, o ponto mais interessante deste manga é a percepção de Yuki da realidade, que vai ficando cada vez mais abstracta, dando um toque de surrealismo profundo à narrativa. Aliás, já desde início a narrativa é estranha e um pouco perturbadora. Note-se que o “ruído de fundo” (isto é, o texto) é quase todo palavras de crianças e crianças a brincar. Se “ouvirmos” isto, como se estivéssemos a ver e não a ler, o efeito é estranho e torna a leitura um pouco desconfortável. O que faz parte do ambiente global da obra, a meu ver.

A arte é diferente do manga que eu costumo ler (considerando que eu costumo ler manga), com traços muito fortes, muito preto e muito branco. À medida que as estações – capítulos – passam, as texturas vão ficando mais vividas e detalhadas, o que também pode representar o crescimento de Yuki em relação ao mundo que o rodeia. Por outro lado, pode também representar a sua alienação crescente.

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Existem painéis com um gosto artístico retumbante. O que mais me impressionou foi aquele quando Yuki entra na sala de aula e todas as pessoas têm orquídeas em vez de cabeças. É estranho, mas é belo.

Acredito que valha a pena ler este manga, apesar de eu não ter compreendido em profundidade o que se passava. A minha interpretação peca por ser muito básica, mas eu própria sou muito básica. Ainda assim, leiam e vejam por vocês próprios.

Escrito por: Carol Louve

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