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Shigurui

Normalmente um anime de samurais está recheado de coisas como a honra, a força interior e todas esses atributos positivos. Shigurui é diferente. Shigurui é uma violenta história de traições e vingança, caracterizando a época Edo – a preferida de toda a gente (a minha é a Heian) – como um lugar terrível e ameaçador. Uma novidade para o género.

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Tudo começa com uma luta que será com espadas verdadeiras. Os samurais que se apresentam é um homem sem um braço e um cego aleijado. E com isto o anime entra num flashback que explica quem eles são, qual a sua relação e como vieram parar a esta situação. Infelizmente o final deixa muito a desejar, deixando muitas perguntas no ar. A história está incompleta no anime. Sei que me vão mandar ler o manga, mas não vale a pena, não vou investir nesta colecção. Porque eu gostei foi do anime.

A história é suportada pela força horrenda destes personagens. Cada um é pior que o outro e fazem coisas horríveis uns aos outros, por motivos muito claros de “proteger a honra” (aí está ela) e, com isso, proceder a vinganças extremas. O estilo narrativo fascinou-me. A história progride lentamente, como uma peça de teatro No, apresentando grandes momentos de tensão. Isto não seria possível se tivessem escolhido outra forma artística para mostrar a história.

A arte, para mim, é um ponto bastante forte. Apesar de a animação ser bastante incapaz e de haver algum CG muito feio (intestinos e cigarras, sobretudo), o anime tem um sentido artístico forte. A paleta de cores é escura, isto é quase um “filme” a preto e branco, mas que tem algumas cores. Azuis e verdes secos, sobretudo, contrastando com o vermelho sempre presente no sangue que espirra por todo o lado a toda a hora. A violência gráfica é inusitada, mas está feita de tal forma que se integra com o espírito do anime, sem parecer forçada ou exagerada.

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A música é um aspecto fascinante. Não temos exactamente temas musicais para caracterizar os momentos. Em vez disso, somos colocados em tensão por canções infantis e, sobretudo, por efeitos sonoros com os instrumentos tradicionais japoneses da época. Efectivamente, um shamisen pode não ser o instrumento mais melódico do mundo, mas possui uma alma muito característica própria para contar histórias deste género.

Tive pena que o anime ficasse incompleto e, como não irei ler o manga, resta-me imaginar o que se irá passar a seguir. Não alimento a esperança de que façam uma segunda temporada, mas espero que – se a fizerem – lhe dêem uma animação correspondente ao estúdio.

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A série de 12 episódios é baseada no primeiro capítulo de Suruga-jo Gozen Jiai escrito por Norio Nanjō que por sua vez deu origem ao manga escrito e ilustrado por Takayuki Yamaguchi.
Foi produzida pelo estúdio Madhouse (Death Note, Paprika) e realizado por Hirotsugu Hamazaki e com argumento de Seishi Minakami.
Shigurui ficou muito mais conhecido por apresentar um elevado índice de violência, nudez e erotismo do que pela “qualidade” da sua animação. Em suma, ver mas sem urgência.

Nota Pessoal ou Porque é que eu quase nunca leio manga:
“Porque eu me recuso, recuso e R-E-C-U-S-O a não pagar pelos livros que leio. Já começo a aceitar o ebook como forma de livro mas, para mim, a edição em papel ainda é o mais importante. Por isso recuso a ler manga na internet, que é o que toda a gente faz. Recuso-me a ler scanlations do que quer que seja. Há muito manga que eu quero ler e que só existe em Japonês. E, assim, aprendo a ler em Japonês. Para poder ter os livros na mão e lê-los. Mas, efectivamente, também não aprecio manga por aí além. Aborrece-me lê-lo, desconcentro-me com os desenhos – sobretudo se a arte for muito boa – e perco-me na narrativa e tenho de voltar para trás. Acontece-me isto com toda a banda desenhada com histórias mais complexas, apesar de não ter experimentado muita e ainda desejar, bastante, entrar por esse universo um dia. Quando me fizer sócia de uma biblioteca. Porque eu não vou ler na internet. Nem que o manga em questão me conte os segredos da existência da humanidade.”

Escrito por: Carol Louve

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