“O Domingo em que Não Há Deus” é a tradução na língua de Camões para Kamisama no Inai Nichiyoubi, uma série que nos relata o dia em que Deus abandona o planeta Terra e as pessoas deixam de morrer. Por este motivo, a profissão de coveiro deixa de ter importância, mesmo assim eles não deixaram de existir e continuam a enterrar pessoas mesmo sabendo que elas continuam-se a mexer.
Ao longo de 12 episódias vamos seguindo as viagens de Ai, filha de uma coveira e de um humano. A série tem um tema muito interessante, e nos primeiros episódios sinto que o argumento está muito bem conseguido, mas depois perde-se.
Os primeiros episódios, compostos pelo primeiro arco e parte do segundo também, têm uma aura de por-do-sol, um ambiente melancólico em que os sorrisos de Ai são quase comoventes. Mas depois no resto dos episódios passamos para um tema completamente diferente, até na arte.
Agora assistimos ao convívio de Ai na escola com pessoas da idade dela, com pessoas vivas, todas cheias de humor que não correspondiam àquilo que esperava – tendo em conta os primeiros episódios.
A história e as personagens, com tanto potencial, acabam por se perder numa narrativa inconsistente, mais dedicada a apresentar novos personagens do que a explicar o que se passa neste universo e como é que as pessoas vivem com isso no geral. São-nos apresentados pequenas comunidades todas muito diferentes umas das outras, em que o tema de “não se pode morrer” passa a ser praticamente ignorado. As pessoas que ao início são muito interessantes, revelam-se como estereótipos sem grande conteúdo.
Safa-se Ai, que age realmente como uma criança de doze anos – o que é raro no anime, crianças a comportarem-se como crianças.
A arte é muito bonita no que respeita aos fundos e à paleta de cores. Desapontou-me que tivesse passado a ser muito mais alegre e colorida, com excepção do momento do “nascimento” dos coveiros, em que foi criado um ambiente realmente surreal, estranho e gelado.
A animação de abertura não tem nada a ver com nada, mas a animação de encerramento mostra bastante bem o sentimento que a série parece querer transmitir.
Fico com muita pena que no painel final apareça um “Fim” e não um “continua”, porque ficaram ainda muitas coisas por explicar e que me deixaram muito curiosa. Kamisama no Inai Nichiyoubi que foi realizado por Kumazawa Yuuji e produzido pela Madhouse Studios têm uma história com grande potencial que podia ser muito mais trabalhada e desenvolvida em algo com um pouco mais de maturidade.
Escrito por: Carol Louve