Trago-vos mais uma Review, desta vez, de um dorama que vi recentemente. Ao contrário das narrativas que trouxe anteriormente, Monsters é algo mais comercial, no sentido de ser algo mais simples e que abrange um maior número de espectadores.
Quando comecei a ver esta série apercebi-me de algumas semelhanças com outras que vira anteriormente, desde semelhanças entre personagens, a ideias para locais e até mesmo narrativas. Ao verificar quem estava por detrás de Monsters, deparei-me com os realizadores de Mr. Brain (Katsuo Fukuzawa), Bloody Monday (Shunichi Hirano), Kurosagi (Shunichi Hirano e Yasuharu Ishii) e Yamato Nadeshiko Shichi Henge (Yuki Ozawa). Tratados com mais ou menos seriedade, todos têm em comum o facto de serem Séries de Mistério e Crime. Mais importante ainda, Monsters nasce pelas mãos de Mitsuharu Makita, mesmo autor de Bloody Monday e Mr. Brain.
Kosuke Saionji (interpretado por Tomohisa Yamashita) é o herdeiro de uma família rica que consegue perseguir o seu sonho e tornar-se num dos melhores detectives do Mundo, conduzido pela sua ingenuidade e forte sentido de justiça. Ele acaba por ser convidado a entrar para a Equipa de Investigação Principal, sendo dado como primeiro teste o de descobrir o que está por detrás da máscara do melhor detective da equipa, Heihachi Hiratsuka (Shingo Katori), dono de uma personalidade desagradável mas uma reputação inigualável.
Sendo esta uma Review mais compacta irei focar-me nos três personagens que compreendo serem os mais relevantes, tendo em comum o facto de serem os únicos a entrarem em todos os episódios.
Heihachi Hiratsuka (interpretado por Shingo Katori) é o protagonista “principal” de Monsters. Um homem odiado pela maioria das pessoas pela sua inteligência e perspicácia acima da média e pela sua personalidade extravagante que engloba os seus comentários irónicos e o aproximar-se em demasia das pessoas criando situações embaraçosas e inconvenientes (algo que acontece especialmente nos primeiros episódios para demarcar a sua personalidade). Apesar disto, é um personagem que sorri a maioria do tempo (deixo como detalhe que o seu sorriso me lembra em muito o de Totoro).
De forma a ganhar a simpatia dos seus colegas e dos que o rodeiam, em especial de Hajime Kaneda (Chefe da Polícia), Hiratsuka elogia os seus interlocutores frequentemente (ainda que com um tom irónico), apresenta a sua investigação como se se tratasse de um “detalhe menor” e desculpa-se constantemente adicionando uma vénia acentuada (deixando o interlocutor sem argumentos para o criticar, sendo que a vénia mostra o quão seriamente arrependido ele está).
Como personagem “extravagante” que é, Hiratsuka possui ainda duas marcas que o distanciam dos outros personagens. A primeira, o usar frequente da expressão, deixe-se ficar onde está (sono mama, sono mama), como mais uma forma de “não incomodar” a pessoa ou como forma de fazer troça desta. A segunda é o tique de bater com o dedo na cabeça quando percebe algo importante na sua investigação, quando evolui nesta.
Durante as suas pesquisas é frequente usar algumas experiências (das quais o seu subordinado, Kosuke Saionji, é sempre a vítima). Usa ainda frases ditas pelos próprios criminosos (muitas vezes inconscientes) para os prender e fá-los acreditar em provas que não existem, criando uma espécie de armadilha e obrigando-os a confessar.
Kosuke Saionji, é um jovem que parece meio perdido, procurando fazer o seu melhor e impressionar os seus superiores, em especial Hiratsuka. Criamos empatia com ele pelas dificuldades que enfrenta e pelo esforço verdadeiro e dedicado que demonstra, por exemplo, quando procura por uma prova durante o dia todo no meio de uma lixeira, apenas para depois descobrir que não era necessário.
Ao longo do tempo, Saionji e Hiratsuka tornam-se numa espécie de Aprendiz e Mestre. O Mestre que antes fazia todo o trabalho começa a deixar a imaginação do seu aprendiz fluir, permitindo-lhe até usá-lo na sua primeira experiência.
No final, o ciclo fecha-se e vemos uma impersonificação, uma união completa entre Hiratsuka e Saionji. Um passar de testemunho.
Para finalizar esta secção, temos Hajime Kaneda (Kenichi Endo). Chefe da Polícia, odeia Hiratsuka por este chegar ao culpado sempre antes dele e por não seguir aquilo que são as normas convencionais de investigação. Vê-se como um polícia eficiente e competente, facto pelo qual se orgulha, e é sempre seguido de perto por um grupo de polícias que lhe é fiel, mimicando-o e tratando-o como uma espécie de Mestre.
Durante os primeiros episódios é ridicularizado, por exemplo, pelo facto dos personagens não memorizarem o seu nome, pela troca do mesmo (chegando a trata-lo por Kamega e Kawada) ou pelas cenas em que aponta para provas que obviamente são irrelevantes.
As narrativas fogem do comum e desconhecido, focam-se em pessoas de alguma forma importantes e relevantes para o país: presidentes de grandes empresas, políticos, escritores de sucesso, médicos de grandes hospitais, cozinheiros de renome, cientistas criadores que tecnologias inovadoras, advogados em ascensão e músicos dotados de um grande talento. Essencialmente histórias que procuram trabalhar as rivalidades e competitividades entre pessoas em altos cargos.
Por norma, os casos são apresentados durante as notícias nas televisões enormes que enchem a cidade de Tokyo. No final, os detectives expõem ainda os criminosos durante períodos críticos da sua vida, por exemplo, eleições ou competições de alto nível.
Em termos de Montagem, Monsters é também pouco usual, trabalhando com Planos aproximados e muito aproximados, planos subjectivos ou onde o actor olha directamente para a câmara (mais uma vez algo mais utilizado nos primeiros episódios) e ainda com o fast-foward (acelerando as sequências mais longas e monótonas). Por fim, no final das investigações, conforme Hiratsuka monta as peças do puzzle, podemos ver fragmentos narrativos na imagem, como se estivéssemos a seguir o seu raciocínio ao mesmo tempo.
A série que estreou a 21 de Outubro de 2012 e terminou no dia 9 de Dezembro do mesmo ano, correndo num total de 8 episódios com uma média de 11.9% de audiência, é uma obra bastante trabalhada no início mas que se vai desleixando após captar a atenção do espectador, não deixando de ser no entanto, interessante e cativante.
Ao contrário de Mr. Brain (série com que mantem mais inspirações e semelhanças) é algo mais comercial, com actuações artificialmente propositadas e exageradas. Uma espécie de Paródia ao Mistério e Crime.
A narrativa é sim simples, com o único objectivo de entreter mas apesar de ter duas estrelas do mundo Pop, não cai no ridículo e esforça-se por cativar os espectadores fora do ciclo das fangirls.
Para além de recomendar Monsters, indico ainda as quatro séries referidas no início desta review. Em especial, Mr. Brain para quem procura uma série de investigação mais séria e trabalhada.
Escrito por: Ângela Costa