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Cabos eléctricos que inundam os céus japoneses

Umas das imagens mais típicas do Japão são os postes eléctricos que inundam as cidades daquele país. Por toda a parte, vêem-se cabos e mais cabos ligados de um poste ao outro tornando os locais um pouco estranhos perante a imagem que temos daquele país. Um país altamente tecnológico e com uma estética limpa e organizada.

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Mas o facto é que os visitantes estrangeiros quando chegam a qualquer cidade japonesa dão-se de caras com aquele espectáculo aracnídeo.

Mas a pergunta continua no ar? Porque motivo os japoneses continuam a colocar estes postes? Um dos motivos é que serve para evitar os terramotos e proteger todas as ligações telefónicas e eléctricas de uma catástrofe maior. Pois parece que é mais barato tornar a levantar mais um poste depois de algum desastre seja ele natural ou não do que estar a fazer buracos para colocar estas ligações todas.

Além disso, por exemplo a capital japonesa já é uma cidade “esburacada” o suficiente (redes de metro e esgotos e tudo e mais alguma coisa) para ser completamente impensável enterrar aqueles fios todos e por esse motivo o subterrâneo teria um custo “bastante” elevado.

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Esta situação é bastante paradoxal, considerando o quanto os japoneses amam e admiram cidades europeias. A abordagem japonesa para a arquitectura parece ser principalmente utilitária: construir rápido, barato e funcional.

Esse paradoxo tem um nome: paradigma “uchi e soto”. “Uchi” significa “minha casa”, “em casa”, ou às vezes “I”. “Soto” é “fora, exterior”. Os japoneses sentem uchi quando estão com os membros do seu grupo, num ambiente familiar, ou em locais onde podem relaxar, pois eles sentem “soto” em qualquer outro ambiente: com estranhos em locais públicos abertos, ou a qualquer momento que eles não podem ser eles mesmos.

De acordo com este paradigma, estar em ambientes “uchi” ou “soto” podem definir as condições de todo o comportamento do povo japonês, bem como a forma como eles se sentem com tudo o que os rodeia. Num cenário uchi, eles são de bom coração, relaxado, e aproveitar tentam aproveitar a vida. Num cenário soto, os japoneses “vestem a armadura”: são distantes e inexpressivos, nunca baixam a guarda, e desfrutando a vida é a coisa mais distante de sua mente.

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Assim sendo é muito mais fácil fazer as respectivas obras nas ruas e mantê-los assim, seja como for o governo japonês já manifestou o seu interesse em fazer alguma coisa para alterar a paisagem e colocá-la mais em consonância o ambiente “uchi” e esconder o maior número de cabos possíveis, no entanto acho que esta situação é algo que já se converteu em parte numa imagem de marca da paisagem urbana japonesa.

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