Não esperava nada deste anime. Aliás, pela sinopse até esperava pouco. Mas veio a revelar-se uma história muito interessante e complexa, que acho que vale a pena ver.
Kyo é um jovem que gosta de nadar e que está a tentar, por todas as coisas, recuperar o clube de natação da escola. Quando tenta fazer um filme com a sua amiga Kaminagi para o publicitar, vê uma estranha rapariga, muito bonita e mais velha, a dar um belíssimo salto para dentro da piscina. A partir daí, é-nos apresentado outro mundo, outro universo, em que as coisas não são bem como a realidade a que estamos habituados. Nesse universo, Kyo tem de conduzir um robô chamado Zegapain Altair e lutar contra algumas pessoas muito diferentes dos humanos normais, com objectivos diferentes que serão revelados ao longo da série.
A história tem um conceito que parece muito inspirado por filmes ocidentais como o Matrix. Isto é, temos um universo real e um universo falso, em que temos de despertar para podermos viver na realidade. Existem algumas alterações, como o facto deste universo ser baseado na internet e em servers, em que as pessoas vivem como cópias e não como sonho.
Na verdade, é uma ideia que está muito bem explorada e esclarecida e que poderia funcionar ainda melhor se estivesse numa escala global e não remetida a uma simples cidade japonesa. Para além disto, há algum ênfase nas relações entre as personagens dos dois universos e das pessoas que vivem entre eles, sobretudo nas relações de amor e amizade.
O ritmo é lento e muito pausado, permitindo-nos pensar com acesso a uma imagética bela, muito relacionada com a água. Esses momentos são, infelizmente, descompensados com uma animação terrível nas cenas de acção.
Na realidade, o anime teria beneficiado imenso se tivessem cortado por completo as lutas entre robots e se tivessem dedicado apenas à exploração da realidade e das emoções dos personagens. A verdade é que o design dos robôs é absurdo e a animação, um CG muito sujo misturado com 2D, é escabrosa. Por isto, não posso dar uma nota superior na minha classificação, algo de que gostaria muito.
A música, essa, tem alguns momentos lindíssimos. Tanto o tema de abertura como o tema de encerramento são marcantes e estabelecem desde logo a natureza do anime: é um anime introspectivo e calmo, um anime que deseja falar sobre a vida e não apenas mostrar coisas a lutarem umas contra as outras. Dentro do parênquima, temos uma série de músicas interessantes mas pouco originais, mas sempre bem aplicadas.
Recomendo vivamente verem Zegapain (2006), pois é algo bastante diferente daquilo que já nos vamos habituando. Da ficha técnica destacamos Shimoda Masami (Someday’s Dreamers TV e Saber Marionette J Again OAV) como realizador e os estúdios da Sunrise (Cowboy Bebop, Mobile Suit Gundam e Code Geass, entre outros).
Zegapain um anime refrescante, que me deixou sempre com vontade de ver e, por isso, acho que vale a pena experimentar.
Escrito por: Carol Louve