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As Misteriosas cidades de Ouro (太陽の子エステバン)

Para aqueles que hoje são felizes trintões (cof… cof… quem se acusa?!) houve um anime que os definiu enquanto eram ainda nada mais que jovens catraios nos meados dos anos 80, uma série que no embalo do seu grande sucesso televisivo nos fez viajar para além do oceano Atlântico, e atravessar todo o continente sul americano, numa aventura que nós, então meras crianças, gostaríamos de viver no lugar daqueles heróis, que tinham basicamente a mesma idade que nós que avidamente assistíamos a cada episódio, talvez aí residisse parte do fascínio, a ínfima possibilidade de atingir a liberdade da aventura em direcção ao desconhecido.

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“Século XVI (16), dos quatro cantos da Europa, gigantescos veleiros partem à conquista do Novo Mundo. A bordo destes navios, homens ávidos de sonhos, aventura e de espaço, em busca da fortuna. Quem já não sonhou com esses mundos subterrâneos, com estes mares distantes povoados de lendas, ou da riqueza repentina que conquistariam num qualquer caminho da Cordilheira dos Andes. Quem não quereria ver o Sol soberano guiar os seus passos no coração do país dos Incas, para as riquezas e a história d’As Misteriosas Cidades de Ouro?!”

Com este texto empolgante se iniciava o genérico de “As Misteriosas Cidades de Ouro”, a série infanto-juvenil que foi fruto da excelente colaboração franco-nipónica coproduzida pelos estúdios “DIC Entertainment” e “Studio Pierrot”, que ficou conhecida em Portugal, nos anos 80, pela sua versão francesa (ver abertura) pelo nome de “Les Mystérieuses Cités d’or” (tendo igualmente a sua versão em japonês chamada de “Taiyō no ko Esuteban”(太陽の子エステバン), muito menos conhecida por cá, até mesmo ignorada por muitos de sequer existir).

Foi originalmente transmitida no Japão pelo canal estatal do país a NHK entre 1982 e 1983, e na França pela Antenne2, em 1983. Em Portugal foi a RTP2 que assumiu a rédeas da sua transmissão somente em 1985 na versão francesa com legendagem em Português. A serie teve várias reposições na RTP2, transmitidas durante a rubrica do programa “Agora Escolha”, apresentado então pela pivô Vera Roquete. Recentemente a “Planeta Agostini” editou uma versão esta já com uma dobragem portuguesa.

Com 39 episódios de 28 minutos de duração cada um, este animé era mais que uma simples série de aventuras, tinha também por objetivo dar a conhecer ainda que de uma forma resumida, mas concisa nos seus factos um pouco da história da conquista da América do Sul pelos conquistadores Espanhóis e dos seus Povos nativos originais, objetivo que era conseguido através de pequenos documentários de imagem real com quatro minutos de duração que passavam no final de cada episódio.

A história que nos empolgou durante semanas seguidas foi escrita pela dupla Jean Chalopin e Bernard Deyriès, adaptada livremente a partir do romance The King’s Fifth (O Quinto do Rei) de Scott O’Dell, de 1966, um romance juvenil de ficção histórica sobre o descobrimento e a conquista da América do Sul, pelos Espanhóis. Onde as personagens já são adolescentes, sendo assim mais velhos que no animé onde as personagens principais tinham somente 12 anos de idade. No romance de O’Dell, Esteban é um jovem cartógrafo do Exército Conquistador Espanhol e não um pobre órfão criado num convento em Barcelona, como nos é apresentado no anime. A história no livro começa quando Esteban é preso por evasão fiscal, antes dizendo suspeito de não submeter o “Quinto Real”, um imposto aplicado na época sobre metais preciosos, (Correspondia a 20% do metal extraído e era registrado em “certificados de recolhimento”), pois julgava-se que Esteban teria conhecimento de um vasto tesouro e que o escondia.

Zia que no animé franco-nipónico é uma princesa Inca raptada da sua casa quando tinha somente cinco anos de idade e levada à revelia para Espanha como sendo somente nada mais que uma curiosidade, é no livro é por sua vez antes uma jovem guia nativa e interprete do grupo, de sua livre e espontânea vontade, que se aventura com estes nos Andes à procura das Sete Cidades de Ouro.

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Mas relativamente à série a história desta começa durante o ano de 1532 na cidade de Barcelona. Aí encontramos o nosso jovem herói, Esteban um rapaz vivaço e travesso com 12 anos de idade que volta não volta anda metido nas mais variadas confusões. Famoso na cidade por ser capaz de fazer parar a chuva é apelidado de por todos como sendo “O Filho do Sol”! O seu tutor, o padre que o criou, adoece e infelizmente morre, e é somente aí que Esteban descobre uma parte do seu passado e a sua verdadeira identidade. Ele fora o bebé resgatado do mar por Mendoza, o marinheiro. Este convence Esteban a viajar com ele para o Novo Mundo, com Gomez e Gaspard, com a morte do seu tutor nada o prenderia à cidade espanhola e assim poderia ir com eles para procurarem as misteriosas cidades de ouro. O interesse de Mendoza em Esteban deve-se ao facto de o pai biológico de Esteban parecer estar relacionado de alguma forma com as misteriosas cidades de ouro. Durante esta viagem turbulenta Esteban conhece Zia, a jovem Inca, que tem com ela uma copia exacta do mesmo medalhão que Esteban usa desde sempre ao pescoço, cuja metade principal é guardada secretamente por Mendoza. Durante as suas aventuras na América conhecem Tao, um rapaz que diz ser descendente do desaparecido Império de Mu e o último guardião das riquezas e conhecimentos deste. Este jovem trio vão ser os nossos guias pela América do Sul e os seus segredos na sua demanda pelas cidades douradas, pelo mar, por terra e… até pelo ar.

O realizador principal da série era Hisayuki Toriumi. Os produtores foram Max Saldinger e Atsumi Yajima (NHK). A banda sonora foi composta por Haim Saban e Shuki Levy na versão ocidental (Nobuyoshi Koshibe na versão japonesa). Shingo Araki estava envolvido com a série como animador e alguns episódios foram dirigidos por Toyoo Ashida e Mizuho Nishikubo.

Em março de 2007 a Movie Plus Group adquiriu os direitos da série à NHK e anunciou que estariam a produzir um filme de longa-metragem onde contariam a história original do animé, com a intenção de fazer até uma sequela caso o filme fosse bem sucedido nas bilheteiras. O filme entrou em produção em 2008 mas infelizmente em meados de 2009, o Plus Group removeu qualquer menção ao projeto do seu site.

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Em 2012, trinta anos depois da série original surge a sequela animada, agarrando o enredo onde a série de 1982 o deixou. Ao contrário da série original, esta sequela é inteiramente produzida em França; uma coprodução entre o canal de televisão francês TF1, e o canal belga La Trois . Estão previstas ao todo três temporadas de 26 episódios cada. A primeira das novas temporadas tem o seu enredo na China descolando-se completamente do cenário Sul Americano que nos acompanhou na série original. O design dos personagens são mais ou menos o mesmo, apesar de algumas variações subtis na aparência física destes. Tal como a série de 1982, cada episódio tem um pequeno documentário no final. Mas, ao contrario da série original teve menos impacto e chegou a ser desapontante para os fãs originais.

Para os mais saudosos e ainda embalados pelo aniversário da série resta-nos dois jogos para nos adoçar a nostalgia da série. Estes foram produzidos pela “Ynnis Interactive”. O primeiro dos dois, The Mysterious Cities of Gold: Flight of the Condor, foi lançado em 2013 apenas para os utilizadores de iOS em dispositivos da Apple. O segundo intitulado de The Mysterious Cities of Gold: Secret Paths foi feito em 2013 para PC depois de uma campanha “Kickstarter” bem sucedida. O jogo foi relançado em 2014 para os sistemas iOS, Wii U e Nintendo 3DS.

Se não conhecem a série, aproveitem para agora para a ver, desde o primeiro episodio da série original, pode ser uma serie já antiga, mas com um gostinho especial de aventura que vos irá transformar para sempre e transportar para um mundo único de possibilidades. Não se vão arrepender!

Escrito por: Patrícia Andrade

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