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Chindogu

O conceito foi criado pelo multifacetado Kenji Kawakami (designer, anarquista e entusiasta patológico de vendas por correio) que publicou um livro na década de 90 com o título de “101 Invenções Inúteis Japonesas: A Arte do Chindogu” onde o autor imagina e fabrica acessórios do quotidiano que são práticos, lógicos, e ao mesmo tempo absurdos, incapazes de ser utilizados.

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A esta corrente inventiva, kaeakami deu-lhe o nome de Chindogu, termo japonês usado para designar a arte da criação de ideias inúteis, ou a capacidade de deformar a utilidade de um objecto até transformá-lo em outro totalmente inútil. A palavra Chindogu (珍道具) pode ser dividida em dois para entendermos a sua definição, assim temos Chin (珍) que significa esquisito e Dogu (道具). que podemos traduzir como aparelho.

Numa sociedade em que tudo deve ser útil, eficiente, produtivo, vantajoso, lucrativo, benéfico e direccionado ao sucesso e à excelência, o Chindogu é uma lufada de ar que pode aliviar muita tortura diária resultante da obsessão da realização e da produtividade. Kawakami desenvolveu um conceito filosófico à volta destas bizarras engenhocas criadas num espiríto anárquico, inútil e que não tem permissão para serem patenteadas ou vendidas.

Existe um circulo mundial de Chindogu, mas não é fácil entrar neste grupo de elite. Também existe uma Sociedade Internacional de Chindogu (actualmente com mais de 15 mill membros), que estabelece as regras que define se uma determinada invenção pode ou não entrar no grupo dos Chindogu.

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Além desta selecção ser extremamente exigente, uma invenção inútil não tem que necessariamente catalogada como Chindogu, por isso, para que tal denominação é preciso que o aparelho cumpra determinados requisitos:

01. Não pode ser criado para uso real, não utilizável e sem aplicação prática.
02. Tem de ser fabricado.
03. Manifestar algo anárquico. São criados porque são inúteis e refletem a liberdade de pensamento.
04. É criado para o uso no dia-a-dia
05. Não se vende, nem se compra.
06. É criado para ser a resolução de um problema.
07. Não é propaganda. Um Chindogu é inocente. São criados para serem usados, embora não o sejam.
08. Nunca é tabu, nunca pode ter um fundamento de coisa barata e vulgar.
09. Não pode ser patenteado. Um Chindogu é uma dádiva à humanidade.
10. Não tem preconceitos. Não descrimina raça ou religião. Todos podem inventar o Chindogu.

Como nota de curiosidade, uma das criações que pertencem ao grupo do Chidogu é o pau de “selfie” que de um momento para o outro passou a ser moda e a vender-se que nem bolinhos quentes, por esse motivo, esta invenção deixou de ser um Chindogu.

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Apesar de alguns Chidogu se transformarem em utensílios “normais” e de esta filosofia inventiva ser inútil não deixa que algumas das maiores instituições como a famosa universidade de Pittsburg invista em proporcionar os mais variados recursos para a criação de Chindogu bem como organizar os seus próprios concursos de Chindogu.

Dizem que Portugal é terra de inventores e com alguns prémios ganhos por isso não é de admirar que existam alguns “praticantes” desta modalidade inútil que é o Chindogu, e por esse motivo vamos em breve fazer um pequeno top10 dos Chindogu mais estranhos, absurdos ou inúteis.

Escrito por: Fernando Ferreira

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