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Tokyo Cosmo

Takuya Okada, autor de Children, regressa com uma nova curta-metragem de animação intitulada Tokyo Cosmo, finalista ao Digicon deste ano, cuja votação ainda se encontra aberta.

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À semelhança de obras anteriores como Melan & Chory ou Children, Tokyo Cosmo trata um problema social para o qual é oferecida uma solução. Melan & Chory mostra como ninguém está realmente sozinho, que existirá sempre alguém pronto a ajudar quem sofre com depressão. Children, ainda que possua um fim menos otimista, mostra como existirão sempre individuos que lutarão contra a tendência moderna de educar os jovens obrigando-os a pensar e a se comportar de forma idêntica, roubando-lhes a capacidade de agir e decidir por si mesmos.

Tokyo Cosmo parte de uma premissa simples que envolve uma mulher presa pelas obrigações da vida adulta e da rotina que esta acarreta. A sua vida é aborrecida, repetitiva e sem emoção. Esta é a realidade de muitos jovens que começam a sua vida profissional, numa casa onde vivem sozinhos e onde a diversão dá lugar às obrigações.

Terminadas as suas tarefas no computador, a personagem olha desanimada para o monte de roupa suja no seu quarto e decide coloca-la a lavar. Olhando a máquina a jovem mergulha no mundo da imaginação e, acompanhada do seu porco de peluche (lembrança da sua liberdade enquanto criança), voa pela cidade de Tokyo. A protagonista sorri pela primeira vez na curta e a emoção está-lhe à flor da pele.

É neste momento que algo a desperta do seu devaneio – uma barata, a entidade misteriosa que observara a personagem anteriormente e que agora ameaça a segurança de Tokyo, destruindo os prédios à sua passagem. Com a ajuda do seu porco, cabe à personagem parar a criatura.

Após alguns momentos de acção, Tokyo está de novo a salvo e a protagonista regressa ao seu mundo rotineiro, visivelmente mais animada e pronta a enfrentar o dia seguinte.

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Ao visionar a curta-metragem é notável a evolução de Takuya Okada, especialmente a nível da animação, agora muito mais detalhada e fluida, aspecto visível nos movimentos naturais da face e do cabelo da protagonista e pela movimentação corporal do seu porco de peluche durante as cenas no mundo imaginário.

Existe ainda na obra uma dicotomia não apenas narrativa mas também técnica entre o mundo real e o mundo ficcional. Enquanto as cenas do mundo real são constituídas por planos demorosos, longos e onde as acções da protagonista tendem a ser mais lentas e arrastadas, o contrário acontece nas cenas do mundo ficcional nas quais os planos são rápidos e dinâmicos, aspeto que se reflete nos personagens.

Finalizando, é curioso reparar não apenas na influência da Disney (no desenho dos personagens) mas também da Studio Ghibli, em especial de Tonari no Totoro, quer pela existência de um mundo imaginário para o qual a protagonista escapa, quer pela personagem da barata (possuidora de um sorriso aberto remetendo imediatamente para o sorriso característico de Totoro) ou do porco (capaz de se mover rápida e fluidamente à semelhança do “gato-autocarro”).

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Tokyo Como é interessante não apenas por passar uma mensagem séria sobre a realidade da vida adulta mas igualmente por convidar o espectador a fugir a esse sufoco utilizando algo tão simples quanto a sua imaginação. E claro, a obra de Takuya Okada é ainda indicada àqueles que procuram uma breve fonte de entretenimento, sendo recheada de suspense, comédia e acção.

Escrito por: Ângela Costa

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