Ao saber que iria ter a possibilidade de visitar a exposição Manga Now – Three Generations, no British Museum, em Londres, o entusiasmo foi grande. A ideia de juntar três mangakas, de três gerações, Chiba Tetsuya, Hoshino Yukinobo e Nakamura Hikaru, não muito conhecidos, mas também não totalmente desconhecidos no Ocidente, pareceu-me muito interessante.
Infelizmente, mesmo com as expectativas em branco, a exposição foi uma desilusão inversamente proporcional ao seu tamanho.
Tratava-se de uma pequena sala, mesmo à entrada do British Museum, que consistia numa estrutura metálica de painéis, organizados de forma mais ou menos aleatória, onde estavam expostas as pranchas. Eis a grande desilusão, as pranchas eram reproduções, melhor, ampliações dos originais e não havia mais que 8 ou 10 pranchas de cada autor. Felizmente foram incluídos “pin ups”, isto é, as 2 ou 3 pranchas a cores que costumam encabeçar cada capítulo de uma manga, mas pouco mais que isso. Ainda havia um projector de vídeo, mas sem um banquinho em frente para nos podermos sentar a ver os autores em acção. O único banco era uma espécie de zona de leitura com uma pequena estante com vários exemplares de mangas, dos autores expostos e não só, e em inglês mas também alguns exemplares em japonês.
O único autor, ou manga, que já conhecia era o Saint Oniisan, de Nakamura Hikaru, cuja ideia, de Jesus e Buda a partilhar um pequeno apartamento, no Japão actual, é extremamente engraçada e nas pranchas que se podia ler era notória a ironia e senso de humor.
Aparentemente Chiba Tetsuya já tivera uma retrospectiva anterior no British, com direito a uma encomenda de uma manga para o efeito. A sua manga exposta era a Fair Isle Lighthouse Keepers Golf Course, que espelha a paixão do autor pelo golfe e nos mostra uma sports manga mais invulgar.
Rainman, de Hoshino Yukinobu, mostra um estilo talvez mais popular e dramático.
A curadoria da exposição em si não era má, a escolha de autores foi muito bem feita, dentro da aparente desordem, pois permitia-nos ver e comparar os diferentes estilos dos diferentes autores. A questão geracional é flagrante no modo como as pranchas e a narrativa são organizadas e não só pelo traço do desenho. Também foi positiva a escolha das mangas e temas, três temas bastante diferentes, crítica social com humor, desporto e um thriller, com estilos distintos desde o realismo estilizado de Saint Oniisan ao realista e negro Rainman, passando pelo mais clássico Fair Isle…
Houve também uma série de palestras e eventos gratuitos ao longo do período da exposição. Talvez valessem mais a pena.
A exposição valeu para dar a conhecer algo que não é mais do mesmo, no vastíssimo panorama que é o da manga e dos mangakas no Japão.
Para ver mais: britishmuseum.org
Artigo por: Leo Pinela