O que fariam se vos fosse concedido um desejo? Sumi Kisagari tem apenas um, viver a juventude perdida. É assim que começa a aventura de Sumika Sumire, a obra baseada no manga de Mitsuba Takanashi, exibida na Tv Asahi entre Fevereiro e Março deste ano, que conta com a participação do realizador Kazuhisa Imai (responsável pela adaptação de GTO: Great Teacher Onizuka), e do argumentista Kazunao Furuya.
Sumi Kisagari (Keiko Matsuzaka) é uma mulher de 65 anos que nunca viveu a sua juventude. Quando mais nova a loja de flores da mãe e a tradicionalidade do pai, que acreditava que uma mulher não tinha de estudar, levaram Sumi a desistir da sua vida académica e de qualquer relacionamento. Após a morte da sua mãe, Sumi encontra-se sozinha e cheia de arrependimentos.
Durante um momento de nostalgia Sumi encontra um antigo biombo no qual acaba por se cortar. Nessa noite, uma voz pergunta-lhe qual o seu maior desejo, e a protagonista confessa querer entrar para a universidade e encontrar o amor. A voz pertence a Rei (Mitsuhiro Oikawa), um ser paranormal preso num biombo e libertado pelo sangue da protagonista. Rei transforma Sumi numa jovem de 20 anos e as suas aventuras começam.
O primeiro desafio de Sumi, agora Sumire (interpretada por Mirei Kiritani, que alguns de vocês se devem lembrar da série Hana-Kimi), é o de se enquadrar no mundo dos jovens, uma vez que, a protagonista continua a comportar-se como a mulher de 65 anos que é. O segundo é o de concretizar o sonho de encontrar o amor onde o escolhido de Sumire é Yusei Mashiro (Keita Machida).
Apesar da jovem se adaptar relativamente depressa ao mundo académico, fazendo amigos rapidamente, Sumire tem como o seu maior desafio encontrar o verdadeiro amor especialmente devido ao facto de todos os dias, entre as 23h e a 1h, regressar ao seu corpo de 65 anos.
No final da série os dois conseguem ficar juntos. Yusei aceita Sumi como ela realmente é e o feitiço de Rei é levantado, fazendo com que Sumi desapareça para sempre, dando lugar a Sumire, agora no seu corpo jovem.
Passando aos elementos mais interessantes em Sumika Sumire existem três que gostaria de referir, nomeadamente: a coexistência entre Sumi e Sumire, a personagem de Rei, e a montagem.
A escolha de Keiko Matsuzaka e Mirei Kiritani para interpretar o papel da protagonista não podia ter sido mais perfeito. As duas possuem algumas semelhanças físicas que ajudam na transição entre Sumi e Sumire. Para além disso, a série mantem sempre Keiko na narração, mesmo quando estejamos a ver Sumire, lembrando-nos constantemente da verdade por trás dela.
Rei (Mitsuhiro Oikawa), o ser paranormal (provavelmente um demónio) que serve Sumi, é uma surpresa positiva na série e um elemento que despertou bastante o meu interesse, especialmente porque não é muito comum a existência do paranormal em romances japoneses. Infelizmente nunca ficamos a saber a razão pela qual o monge o prendeu no biombo, deixando-o um pouco no vazio. Estava o monge preocupado com o que ele e a sua noiva podiam fazer com os seus poderes? Terá Rei mostrado um lado negro que não conhecemos? Nunca saberemos.
E em termos de montagem, ainda que de numa forma geral siga o tipo de montagem habitual em séries de televisão, Sumika Sumire inclui movimentos deveras interessantes como planos subjetivos (do ponto de vista de determinado personagem), e planos inclinados. Um dos melhores exemplos deste último tipo de plano encontra-se na cena em que Sumi termina a relação com Yusei e nos é mostrado um plano inclinado do protagonista, mostrando o seu desequilíbrio emocional.
Contudo, apesar dos oito episódios, sinto que o modo como a narrativa se desenvolve tem alguns problemas.
Por um lado, a história arrasta-se em certos episódios principalmente pela constante transformação de Sumire em Sumi em locais públicos. Este é um truque que funciona nas primeiras vezes mas depressa se torna repetitivo e acaba por consumir tempo de narrativa que poderia ter sido encortado. Sumika Sumire teria funcionado melhor enquanto mini-série.
Por outro lado, tive pena de Yoshie Yoshida ter desaparecido tão rapidamente da história. Durante uma cena anterior vemos como Yoshie ficou destroçada por Sumi não poder ir consigo para a Universidade e, quando se encontra com Sumire, vemos a saudade e dor que sente por ter perdido o contacto com a amiga. Gostava de ter visto um episódio onde Yo-chan e Sumi se encontram, especialmente por tudo o que ficou por dizer entre as amigas.
Sumika Sumire arrecada da minha parte um 5/10. Apesar disso é uma excelente escolha para os amantes de Romance. O trio amoroso não se arrasta, as situações parecem reais (Yusei não reage de forma exagerada ao saber a verdade sobre Sumi, mostrando uma atitude adulta e realista).
A obra de Mitsuba Takanashi mostra ainda a importância do estudo, e lembra-nos que devemos viver a nossa vida o mais que podermos, para que no futuro não nos arrependamos do Passado.
Escrito por: Ângela Costa (@angelaookami)