Na eterna busca de animes sempre melhores, por vezes há títulos que, inesperadamente, nos surpreendem muito pela positiva. Yomigaeru Sora (よみがえる空), ou “Rescue Wings”, foi um desses. É raro encontrarmos neste mundo “animesco” um título que trate dos dramas da vida real das pessoas adultas, num âmbito puramente realista e com apenas leves ligações à ficção fantasiosa.
Assim, este anime aparece como uma fonte de água fresca, perfeita para um Verão quente como este. O assunto que trata é a actividade de certo personagem num grupo de busca e salvamento com helicópteros, actividade que ele ao início deprecia. É o processo de compreensão do valor desta profissão pela parte do personagem, à medida que ele tem de tomar acções cada vez mais complexas dentro da sua formação e actividade, que caracteriza esta série.
A cada episódio (ou cada dois episódios) vemos um novo caso que deverá ser resolvido pela acção deste grupo de salvamento. Infelizmente, os casos aproximam-se demasiado bem de situações que podem realmente acontecer nas nossas vidas. E, infelizmente, nem todos terminam da maneira perfeita. Isto é, de certa forma, uma aproximação ao nosso próprio universo: não se podem salvar todos. Por outro lado, é uma alavanca para a a evolução do personagem e da sua relação com os outros.
Estes, os outros, também passam por um muito interessante processo de caracterização, em que os diversos elementos das suas próprias vidas (tão ricas como as do protagonista) lhes dão novas perspectivas de descoberta sobre si mesmos e sobre as suas convivências pessoais. No que me respeita, achei especialmente comovente a cena de destruição dos livros.
Relativamente a outros elementos do anime, estes são bastante equilibrados e ajudam na visualização deste universo em tudo decalcado do nosso. Os designs hiper-realistas podem ser, por vezes, um pouco confusos, sendo que a animação digital da maquinaria poderia ser melhorada. No entanto, esta está bastante detalhada. Musicalmente, temos uma banda sonora discreta e ligeira, sendo que os elementos mais contundentes são os efeitos sonoros do mundo natural.
Sobre a ficha técnica desta série de 12 episódios mais 1 especial temos uma produção do estúdio J.C. Staff (Slayers, Shoujo Kakumei Utena ou mais recentemente Nodame Cantabile, Bakuman) sob a direcção de Sakurabi Katsushi (Flying Witch e WIXOSS). Na parte músical temos como tema de abertura “Don’t stop tomorrow” (明日をとめないで, leia-se Ashita o Tomenai de) inerpretada pela cantora pop Aki Misato e o tema de encerramento “The Nameless Heroes” (エンブレム~名も無き英雄達へ~, leia-se Na mo naki Eiyuu-tachi) pela emblemática banda JAM Project.
Um anime que recomendo vivamente, nem que seja pelo facto de ser completamente diferente do que nos aparece na maior parte das vezes.
Escrito por: Carol Louve