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Akuma no Riddle

Akuma no Riddle é… interessante. Tem ideias boas, mas só metade são bem executadas. E o problema não é só do anime, visto que é quase uma cópia do mangá. Que, já agora, as diferenças são mínimas mas que podem fazer uma grande diferença de pessoa para pessoa. Mas de qualquer maneira, este anime tem uma grande queda depois duma jornada genuinamente interessante. Vou fazer o meu melhor para explicar sem spoilers.

Plot e Atmosfera: Para quem não sabe, a história de ‘Akuma no Riddle’ é sobre uma assassina chamada Tokaku Azuma, que é enviada numa missão para uma academia matar uma pessoa mistério. As únicas pistas são que faz parte da mesma turma em que é transferida, e que todos os outros alunos também são assassinos que têm a mesma missão.

E tenho de admitir… isto é bastante interessante. Eu sempre tive um fraco por ‘battle royale’ style plots, por isso não é de surpreender que me interessei por isto quando ouvi pela primeira vez.

E isso foi deitado por água abaixo.

Assim que toda a gente se reúne na sala, apercebem-se quem é que é o alvo da missão, removendo logo um mistério que poderia desenvolver-se ao longo da história, mas tendo em conta a personalidade de Haru Ichinose, o alvo da missão, não poderia ser mais óbvio que ela não era uma assassina.

Mas! Tokaku decide protege-la em vez de cumprir a missão, e a história progride a partir daí. O que, por outro lado, pode começar num romance entre as duas raparigas nesta série com tons de ‘Shoujo Ai’ espalhados aqui e ali. … Certo?

Personagens: Um dos melhores aspetos de Akuma no Riddle é que, por episódio, numa série de 12 episódios, explora cada uma das outras personagens. E um dos piores aspectos é que desaparecem logo a seguir. Bem, de acordo com o conceito, cada assassina tem uma oportunidade, e uma apenas. Enviam uma calling card, e têm 48 horas a partir desse momento para tentar matar Haru. A que a matar terá um pedido realizado, independentemente do custo. Agora, por episódio, em geral, a personagem em questão apresenta-nos a sua backstory, a sua motivação/desejo, e uma generalização da sua personalidade, já para não dizer o método de matar. Para personagens secundárias que vão desaparecer depois do episódio, isto até é algo muito interessante. Podem não ser desenvolvidas, mas têm uma presença e uma personalidade maior que muitos protagonistas de Light Novels hoje em dia.

Mas por agora focar-me-ei nas duas personagens principais: Tokaku e Haru.

A Tokaku é fria, focada na sua missão pessoal de proteger a Haru, recusa-se a fomar ligações com as outras, mas incerta em muitas situações. A Haru é o COMPLETO oposto. Feliz, focada na escola, quer ser amigas com todas as outras (apesar de saber que a querem matar…) e cai muitas vezes nas armadilhas das outras pessoas, algo que muito me confunde. Quer dizer, a rapariga passou a vida toda a lidar com assassinos, mas cai em truques simples de prever? Se calhar tou a pegar num ponto insignificante, principalmente porque a personalidade dela encaixa bem no padrão de ‘inocente’, mas chega a um ponto que se torna esquisito.

A Tokaku tem uma reviravolta logo no início do anime, decidindo ser uma protetora em vez de uma assassina, e ela nem percebe bem porquê. O que amontoou para um final muito esquisito…

Agora, algo que floresceu MUITO repentinamente foi Tokaku aperceber-se que está apaixonada por Haru, algo que não foi progressivo de todo. Um romance que não teve desenvolvimento é basicamente um romance que não existe. Mas, estranhamente, apesar dos episódios se focarem nas personagens secundárias, estas duas nunca desaparecem por completo. A presença delas é constante, algo que tenho de admitir é impressionante tendo em conta como poderia ter ficado se o escritor tivesse sido preguiçoso.

Animação e Artstyle: Se o anime acertou em algo e melhorou do mangá foram as cenas de luta. O desenho tem uma boa direção de luz, que assenta bem com o tema da série, e as batalhas estão muito mais interessantes em comparação. O movimento ajuda muito nestes momentos.

Música: Algo que também achei engraçado foi o facto que apesar de só termos um opening, temos um ending diferente para cada episódio, cantado pela atriz de voz da personagem cujo episódio se focou em. O opening em si não é algo que ouviria constantemente, mas pelo menos metade dos endings são músicas que adorei.

Problemas: Acho que o que me caiu mesmo muito mal foi o final. Mas antes de atacar isso, vou tirar os problemas mais pequenos fora do caminho.

Apesar de cada episódio estar focado numa personagem diferente, duas delas não são desenvolvidas de todo (ao contrário do que no mangá). A Haru nunca desenvolve muito, e a Tokaku tem uma arc muito esquisito, quase a tocar no reino dos espíritos numa história bastante assente na realidade, por assim dizer. As ‘riddles’ que a Tokaku recebia de vez em quando pelo homem que a enviou na missão não tinham razão nenhuma para existir exceto para forçar algum character development. E o suposto romance que deveria ter sido desenvolvido ao longo da série não existe exceto aqui e ali.

Mas não se comparam ao final. Não só introduziu um conceito que nós nunca soubemos que existia e não teve foreshadow nenhum, foi resolvido num conflito que até foi interessante… só para não haver consequências.

Muitas das personagens acabam por ter o que querem, outras não, e isso não tem muito mal, até descobrirmos que duas personagens que morreram on screen… estão bem! Claro, tão no hospital, mas uma que foi esfaqueada no coração está completamente recuperada, e outra que bebeu veneno que só respirar pode ser fatal, está em recuperação! E não são o único caso.

Isto foi o que me fez não gostar muito da série, principalmente porque havia tantos cenários super interessantes que se podiam ter desenvolvido. Como ‘então e se não existisse um alvo este tempo todo’ ou ‘o alvo na verdade era a Tokaku’? Existem muitas mais hipóteses que podiam ser feitas com este conceito. Enquanto que o conceito em si é utilizado de maneiras engraçadas com as calling cards, poderia ter sido muito, muito mais, e a falta de consequências seriamente afeta a história num todo.

Mas isso foi a minha experiência. Para quem gosta de finais felizes independentemente do que acontece e gosta deste tipo de cenários, são capazes de gostar. Mas não tenham altas espectativas.

Escrito por: Bernardo Pacheco

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