Foi um dos nomes mais importantes da literatura proletaria japonesa, um estilo que tinha como preocupação principal mostrar e o quotidiano dos pobres e oprimidos. Mas também se aventurou pelo conto e o ensaio. Membro do Partido Comunista do seu país, Takiji Kobayashi morreu bastante jovem, apenas com 29 anos, aparentemente devido às torturas sofridas pelas mãos da policía.
Takiji Kobayashi (小林 多喜二) cresceu na cidade portuária de Otaru na ilha de Hokkaido, depois da sua família se ter mudado quatro anos depois do seu nascimento em Odate. Apesar de não vir de uma família abastada, Kobayashi pode estudar na Escola Secundária Comercial de Otaru Hokkaidō e na Escola Comercial de Educação Superior de Otaru (a actual Universidade de Comércio de Otaru) graças à ajuda económica do seu tio.
Durante os seus tempos de estudante começou a interessar-se pela escrita. Enviou textos para várias revistas literárias e chegou mesmo a ser publicado em várias ocasiões. Um dos seus professores na universidade foi o economista, crítico e poeta Nobuyuki Okuma. Foi também por esta altura que devido às dificuldades económicas que atravessava e à recessão que sofria o Japão, que se junta ao movimento sindicalista.
Depois de se formar, começa a trabalhar na sucursal do Otaru del Hokkaidō Takushoku Ginko, «Banco de Exploração de Hokkaido»,e colabora na campanha do candidato Kenzo Yamamoto para as eleições gerais de 1928, experiência que ficaria registada no seu livro Higashikutchankō (東倶知安行). No mesmo ano, o seu conto «15 de Março de 1928», baseado no incidente de 15 de Março, foi publicado na revista literária Senki (“Bandeira Vermelha” em português). O relato mostrava as torturas que a Tokkō, a policía política do regime imperial, infligia aos seus detidos, o que causou um forte descontentamento no governo.
Em 1929, Senki publicou o romance Kanikōsen, onde Kobayashi relatou a rebelião de uma tripulação de um barco de pesca contra o seu capitão, devido ao mau trato e às duras condições de trabalho que os pescadores eram submetidos. Rapidamente este livro torna-se popular e converte Kobayashi no porta-estandarte do movimento de literatura proletária do Japão. Em julho do mesmo ano o romance é adaptado para teatro e é representado no teatro Jardim Imperial sob o título “Ao norte dos 50o de latitude norte”.
Na primavera de 1930 vai viver para a capital japonesa e torna-se Secretário Geral do Grémio de Escritores Proletários do Japão. Em Outubro de 1931 converte-se em membro do ilegalizado Partido Comunista de Japonês. Um mês mais tarde visitou a residência de Naoya Shiga, outro célebre escritor de literatura proletária, na região de Nara. No ano seguinte passa à clandestinidade.
A 20 de Fevereiro de 1933 decide ir à reunião em Akasaka com outro membro do partido, que não era mais do que um espião que a Tokko tinha infiltrado na organização. A policía prendeu-o. Segundo consta dizem que o puseram totalmente nu em pleno frio gélido do inverno japonês, foi agredido com paus e depois levado para o hospital, onde acabou por morrer às 7:45 pm.
A autoridade policial anunciou no dia seguinte que Kobayashi tinha morrido de ataque de coração. Quando a família recebeu o corpo, viram que o cadáver estava inchado devido aos hematomas da tortura e, em particular, a parte inferior do corpo estava escura por causa das hemorragias internas. Nenhum hospital atreveu-se a realizar uma autopsia por medo da Tokko.
Uns dias depois foram publicadas fotos do seu rosto já em estado cadáver no jornal do Partido Comunista, Shimbum Akahata.
Escrito por: Fernando Ferreira