Se há coisa de que eu cada vez mais gosto é de encontrar e ler mangás one-shot ou séries bem pequenas. Prophecy é um desses casos. Escrito e desenhado por Tetsuya Tsutsui entre 2011 e 2013, este mangá seinen (nome dado aos mangás para um público mais adulto) foi compilado em apenas 3 volumes e penso que é um número suficiente para que uma história deste tipo se desenvolva sem cair na tentação do exagero de a baralhar mais do que o necessário.
Em Prophecy vamos encontrar uma história passada na capital japonesa e que se movimenta no mundo do cibercrime. Um homem usa uma máscara feira de papel de jornal para revelar e “prever” nas redes virtuais os piores crimes a que vão poder assistir: violações, assaltos, fogo posto entre outros. As suas previsões tornam-se reais no dia seguinte, mas ninguém sabe o porquê de isto acontecer nem as motivações e ambições deste personagem incógnito.
A polícia de Tóquio começa a investigar o caso deste criminoso que está a fazer justiça pelas suas próprias mãos e aos poucos vai descobrindo algumas falhas que o personagem principal vai deixando (será de propósito?). Eles vão usar todos os meios e métodos à sua disposição para capturar o “Homem jornal”.
Ao longo do mangá o autor também nos coloca no papel de testemunhas “ouvindo” os diálogos, as discussões técnicas e os interrogatórios de vários suspeitos. Assistimos aqui a uma luta do gato e do rato como em outros mangás do género: Monster e Death Note, também pode ser 20th Century Boys quando descobrimos as motivações do ciber-terrorista, o porquê de estar ali e o porquê de nos identificarmos com ele. Ou também pode ser uma versão em papel da mini-série Black Mirror, onde nos é dado a conhecer o lado obscuro das novas tecnologias e até onde nos pode levar.
Este é um dos pontos positivos deste mangá. O de vermos ambos os pontos de vista (polícia e criminoso) e de ter sido capaz de explorar ambos os lados. A identidade do “Homem jornal” não é importante neste mangá, porque é algo que o leitor sabe desde o final do 1º volume. O que realmente é interessante e interessa para toda a história é todo o processo de investigação
Quanto à parte artística do mangá, o desenho das personagens é bastante conseguido e bem detalhado, ou seja, tem um toque realista. O resto do desenho como por exemplo os fundos, também estão com um nível aceitável e complementam o mais importante do mangá: os personagens.
No Japão, a série teve grande sucesso e aceitação pelos leitores ao ponto de o autor ter criado um spin-off da série original, intitulada ‘Prophecy: Copycat’. Mais tarde, o mangá de Tetsuya Tsutsui foi adaptado para filme de imagem real.
Em conclusão, Prophecy é a obra de referência de Tetsuya Tsutsui composta por 3 volumes, e que está direccionada para todos aqueles leitores que gostam de thriller policial.
Escrito por: Fernando Ferreira