Ultimamente a nostalgia tem batido forte em todos os meios de entretenimento. Seja em séries de televisão, filmes ou no mundo dos videojogos, a utilização de referências ou mesmo reformulação das melhores coisas dos anos oitenta e noventa é cada vez mais um recurso utilizado pelos criadores de conteúdo. Hi Score Girl (ハイスコアガール) encontra-se nesse meio, tendo como foco o retrogaming.
Esta série, baseada no manga homónimo de Rensuke Oshikiri, tem como personagem principal Haruo Yaguchi, um jovem gamer completamente obcecado por videojogos que passa a maior parte do seu tempo em salões de jogos. É num destes locais que um dia encontra Ono, uma recatada colega de turma com uma habilidade invulgar para os videojogos, criando uma relação de rivalidade-admiração com esta que se alastra por toda a série. Além de Ono, também Hidaka, outra rapariga da turma de Yaguchi, constrói uma relação estranha com este onde os videojogos têm um papel importante.
É um pouco difícil categorizar Hi Score Girl como um anime de romance, embora este tenha um papel importante na série. Contando com grandes momentos de comédia e alguns de drama, o grande foco da série é mesmo o gaming, guiando a evolução desta indústria a história da série. Tudo o que acontece na série é contextualizado a partir de um certo momento na história dos videojogos que é de enorme importância para Yaguchi. Desde o lançamento de Street Fighter II: The New Challengers até ao momento de viragem na indústria aquando do lançamento da Sega Saturn e Playstation, Hi Score Girl dá o destaque devido à temática do gaming, cujo tempo de ecrã é superior ao de todos os outros temas abordadas na série.
Yaguchi é um pouco irritante em alguns momentos, mas a paixão que mostra pelos videojogos e a forma como os explica de forma pormenorizada é fascinante para todos aqueles que gostam de gaming e que cresceram na época em que se passa a acção do anime (década de 90). As curiosidades sobre videojogos, a informação detalhada sobre como executar combos em várias edições de Street Fighter ou o facto de Guile ser o anjo da guarda do personagem principal, tornaram a série, deste ponto de vista, bastante empolgante a nível pessoal. É de realçar que são utilizadas mesmo muitas imagens reais dos videojogos que a série aborda, tornando-a um deleite para os fãs.
Afastando-se da parte do gaming, a série é cómica e tem um triângulo amoroso que podemos acompanhar ao longo dos vários anos em que a acção decorre. A parte romântica da série não entra no exagero, sendo inocente e tentando retratar de forma credível o primeiro amor do trio principal da série.
A nível de animação, esta é feita em parte em CGI. Embora não seja grande fã deste tipo de animação, que se vê cada vez mais, nesta série não é tão percetível como em outras, mantendo uma grande proximidade do estilo mais clássico.
Encontrando a série por acaso no meio do catálogo da Netflix, esta revelou-se uma boa surpresa e sem dúvida uma série recomendável para todos aqueles que gostam de retrogaming. Contando com apenas doze episódios, a história não acaba propriamente no final do último episódio, estando já planeado o lançamento de três OVA para assegurar o culminar da história da série. Venham elas.
Escrito por: Nuno Rocha