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Ibuse Masuji

Publicou mais de 40 livros de géneros e estilos completamente distintos, mas foi uma das suas últimas obras que o tornou num escritor de renome mundial.

Nasceu no final do séx XIX (1898) e viveu a sua infância e juventude no pequeno povoado de Kamo, situado na região de Hiroshima (Japão). Em 1917 decide rumar á capital japonesa para estudar na Universidade de Waseda, onde cursou estudos franceses e, mais tarde, o curso de Belas Artes. Enquanto esteve na Universidade Ibuse sofreu assédio sexual de um professor, e por esse motivo teve que deixar a Universidade antes da formatura.

Mas foi ainda como estudante que começa a publicar os seus textos que pouco tempo depois deu origem ao seu primeiro livro Yu Hei lançado em 1923. Começa a ganhar uma pequena presença no mundo literário, graças a alguns críticos muito importantes do Japão, que valorizavam seu trabalho positivamente. Os temas mais recorrentes dos seus livros eram: fantasias intelectuais (que usavam alegorias de animais), ficções históricas e a vida do país em geral.

Uns dez anos mais tarde Ibuse Masuji (井伏鱒二) começa a ser falado e reconhecido não só pelos críticos especializados mas pelo público em geral. Pouco tempo depois o Japão entra na Segunda Guerra Mundial e Ibuse é obrigado a cumprir o serviço militar. Durante essa altura esteve nas unidades de propaganda do exército japonês. Mas sem dúvida que o mais difícil para ele foi viver o fim da guerra e ter que assistir à extrema devastação que a sua terra natal Hiroshima sofreu.

No pós-guerra a sua fama literária começa novamente a crescer até se converter num dos escritores mais célebres do arquipélago japonês. Ganha o prémio inaugural do Yomiuri em 1949 pelo livro Honjitsu kyūshin (本日休診).

Em 1951 escreve Kakitsubata onde descreve os acontecimentos de Hiroshima e em especial a precipitação nuclear. Ibuse não esteve presente no momento do bombardeio, mas usou os diários dos sobreviventes para construir a sua narrativa. E este livro podemos dizer que foi um “ensaio”, um “exercício” para o que viria mais tarde. O livro Kuroi Ame (黒い雨) que o levou ao estrelato mundial.

Kuroi ame (Chuva Negra, em português) começou a ser publicado de uma forma seriada numa revista mensal no ano de 1965, quando Ibuse estava no ponto mais alto da sua carreira. Nesse mesmo ano é condecorado com a Ordem do Mérito Cultural, o mais alto reconhecimento que um escritor pode receber no Japão, galardoado com o Prémio Noma. Este romance teve a sua edição em livro um ano mais tarde alcançando um êxito imediato. Mas só vinte e tal anos mais tarde é que o livro tem uma explosão de sucesso e se torna globalmente conhecido quando Shohei Imamura fez uma adaptação cinematográfica. De destacar neste filme a belissima banda sonora composta por Toru Takemitsu e que conta como uma das actrizes principais a cantora Yoshiko Tanaka (membro da “girls band” Candies).

Poucos anos antes de morrer Ibuse é novamente condecorado mas agora com a Medalha do Cidadão Honrado. A 24 de Junho de 1993 é hospitalizado de emergência no Hospital Sanitário de Tóquio, onde duas semanas depois morre com pneumonia aos 95 anos de idade no dia 10 de Julho.

Escrito por: Fernando Ferreira

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