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Downfall

O que acontece quando um autor de manga vê a sua carreira a cair, as vendas a descer e o seu trabalho a perder popularidade mesmo tento conseguido ter terminado a série? É esta a premissa do mais recente manga publicado por Inio Asano (Goodnight Punpun, Solanin ou Nijigahara Holograph) e editado pela Viz Media.

Kaoru Fukazawa é um autor de banda desenhada que se vê “aliviado” por ter terminado uma série em que trabalhava há oito anos. Mas praticamente não teve descanso, a sua editora já lhe pede para começar a trabalhar numa nova história. Por isso Kaoru decide fazer uns estudos de mercado e investigar o que quais os mangas da “moda”, analisar as críticas ao seu trabalho nas redes sociais e os números das vendas que caem a pique. A sua vida parece que vai desmoronar-se pois não aparece nenhuma ideia para a sua nova série.

Enquanto luta contra todos estes acontecimentos laborais, o seu casamento também começa a degradar-se e decide procurar outras mulheres para ver se encontra aquilo que precisa. E quando pensa que já nada mais de mau pode acontecer, o seu amado gato fica doente. Recorda-se de como eram os tempos áureos quando tinha os olhos brilhantes e da sua total dedicação ao manga. A esta altura ele odeia manga e sente-se cansado só de pensar por todo o trabalho árduo que deve realizar um mangaka profissional (ou qualquer tipo de artista profissional).

Em Downfall (零落, leia-se Reiraku no título original), temos 4 personagens principais: Kaoru Fukasawa, um homem de meia idade apático e que perdeu sua paixão por fazer manga depois temos Nozomi Machida, a mulher de Kaoru e editora de manga na revista Young Lovers Monthly. Por estar com imenso trabalho passa a vida fora de casa o que levou Kaoru a pedir o divórcio… mas Nozomi não quer a separação. Depois temos Yui Chifuyu (provavelmente a minha personagem favorita), uma trabalhadora ligada ao mundo do sexo com quem Kaoru passa uma noite. E por fim temos, a assistente de Kaoru chamada Tomika e que é mais tarde dispensada depois que Kaoru decide desistir de fazer manga.

Quanto à parte gráfica não temos nada a apontar, a arte de Downfall é bonita e apresenta um traço bem natural e realista, ou seja, não vemos os clássicos olhos e rostos exagerados como encontramos nos mangas mais “comerciais”. Com estes estilo de desenho e estética, Asano confere ao manga um carácter mais real e deprimente Isso só a torna ainda mais sombria e deprimente. Mas nem é preciso de dizer mais pois quem conhece o trabalho deste autor sabe a qualidade de desenho que vai encontrar qualquer que seja a história.

Outro aspecto importante de Downfall é podemos qualifica-la como sendo um meta-manga, ou seja um manga que fala sobre manga, assim de repente lembro-me da série Bakuman da mesma dupla que desenho o Death Note. Além de conhecermos a vida do personagem principal e da sua relação com o universo dos mangas também ficamos a conhecer o lado sombrio da indústria da banda desenhada japonesa.

Em suma, Downfall não é minha história favorita de Asano, mas pode ser uma das mais importantes. É uma visão não filtrada do dilema do artista, e do percurso do que pode ser o caminho perigoso para um criador. Este one-shot manga é uma leitura “agradável” mas não nos consegue arrebatar totalmente como outros títulos de Asano em especial Solanin e Goodnight Punpun.

Escrito por: Fernando Ferreira

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