Acaba de ser lançado a light novel “At Night, I Become a Monster” (よるのばけもの – Yoru no Bakemono, como título original do livro), a mais recente obra de Yoru Sumino, autor conhecido por “I Want to Eat Your Pancreas”.
Este livro conta-nos a história de Adachi, um jovem estudante que todas as noites se transforma num monstro feito de escuridão, com oito olhos e seis pernas. No decorrer de uma das suas aventuras noturnas, Adachi encontra Yano, a sua colega de turma que é vítima de bullying. Este encontro desencadeia mudanças na vida de Adachi, que se vê obrigado a confrontar a realidade do que acontece durante o dia.
Esta é a primeira vez que leio um livro deste autor e devo dizer que fiquei bastante impressionada, sendo que daqui em diante ficarei atenta ao lançamento de novas obras. Este é um livro que aborda vários temas, como o bullying, a intolerância, a passividade, a amizade, o sentido de unidade, entre outros. Com uma narrativa centrada na dualidade do dia e da noite, o autor desafia o protagonista e o leitor a prosseguir pelo caminho da introspecção, levando-nos a questionar as nossas acções e a nossa própria dualidade perante as outras pessoas.
Muitas vezes temos de esconder quem verdadeiramente somos ou sentimos que somos obrigados a fazer algo que acreditamos não estar certo só para sentirmos que fazemos parte de algo maior. Porém, não devemos fingir que nada se passa, nem ter atitudes que prejudicam os outros. Uma frase que define muito bem este livro é: quem vê caras não vê corações. Perceber e aceitar a diferença que reside em cada um de nós é crucial para viver em sociedade. “Quem é a afinal o verdadeiro monstro?” é a pergunta que fica no nosso pensamento.
Um dos pontos altos do livro é sem dúvida Yano, que quase sempre rouba o protagonismo a Adachi. Ele pode ser sobrenatural, mas é ela quem se revela ser a personagem mais extraordinária. A sua personalidade peculiar, mesmo que às vezes um pouco irritante, comparada com a permanente indecisão e transigência de Adachi, torna-a mais cativante aos olhos do leitor.
Apenas tenho dois pontos negativos a referir; a natureza um pouco infantil de algumas cenas tendo em conta os temas pesados que aborda e a existência de pontas soltas relativamente a algumas personagens. Não sei se alguma vez tal irá acontecer, mas adoraria ler uma sequela em que essas questões fossem finalmente respondidas.
Pela excelente qualidade de edição, pela qual a Seven Seas merece felicitações, e escrita fantástica do autor, acredito que esta é uma óptima escolha para uma futura leitura.
Escrito por: Alexandra Costa Ferreira