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Ooka Shohei

Os japoneses que gostam de literatura francesa de certeza que conhecem o nome deste escritor que nasceu na capital japonesa na primeira década do século XX. Ooka Shohei (大岡正平) dedicou grande parte da sua vida a traduzir as obras do escritor francês Stendhal enquanto estudou literatura.

Ooka nasceu em Shinjuku (Tóquio) em 1909 e era filho de um corrector e de uma gueixa. Começou a estudar literatura desde muito cedo, ainda em criança os seus pais contrataram para seu tutor o famoso crítico literário Kobayashi Hideo.

É através do seu tutor que conhece o poeta Nakahara Chūya, o crítico Kawakami Tetsutaro e outras figuras literárias daquele tempo. Entra na Escola de Literatura da Universidade Imperial de Quioto em Abril de 1929 e termina o curso em Março de 1932. Após a licenciatura, começa a sua carreira como jornalista no Kokumin Shimbun, um jornal pró-governo, mas deixou o cargo passado um ano para se dedicar ao estudo e tradução das obras de Stendhal e outros escritores europeus para a língua japonesa.

Naquela altura Ooka estava com algumas dificuldades financeiras e por isso teve que procurar mais formas que lhe dessem um maior sustento. Em 1938, começa a trabalhar como tradutor na Air Liquide (Teikoku Sansō), uma empresa industrial franco-japonesa com sede em Kobe. Em Junho de 1943, deixa a empresa e, em Novembro do mesmo ano, obteve uma posição na Kawasaki Heavy Industries. Pouco tempo depois é chamado pela Marinha Imperial e é enviado para a linha da frente na ilha de Mindoro (Filipinas).

Apesar da doutrina militar japonesa que considerava ser prisioneiro a maior desonra possível para um soldado e a sua família, Ooka em 1945 é capturado pelo exército americano e enviado para o campo de prisioneiros em Leyte.

Mais tarde, escreve as suas experiências como cativo em Furyoki (Taken Captiv), que lhe trouxe o 1º prémio Yokomitsu Riichi em 1949. Este romance é considerado como uma obra-prima da literatura japonesa anti-guerra, juntamente com seus outros romances Nobi (Fogos na Planície), Hanakage (A sombra das flores) e Leyte Senki (A batalha do golfo de Leyte).

No final do mesmo ano, é repatriado para o Japão. Após a guerra, começa a desenvolver a sua carreira como escritor. Ao longo da sua obra literária, composta por romances, biografias e ensaios, Shohei nunca se afastou da tématica que o atormentava e por isso, vemos repetidamente nos seus livros o conflito dos soldados japoneses diante da derrota.

Apesar desta ser a temática central dos seus romances, a obra literária que o tornou mais conhecido foi Nobi que referimos anteriormente e que lhe valeu o Prémio Yomiuri e do qual um filme foi feito em 1959, dirigido por Kon Ichikawa.

Outros romances seus tiveram adaptação ao grande ecrã como foram os casos de The Lady of Mushasino (realizado por Mizoguchi Kenji) ou In the Shade of the Cherry Blossoms.

Ao longo da sua carreira, Shohei Ooka venceu inúmeros prémios literários. Em 1948 ganha o seu primeiro prémio no Yokomitsu Riichi Prize com o livro Furyoki (Taken Captive), três anos mais tarde vence o Yomiuri Literary Prize com Nobi. Durante os anos 70 vence mais três prémios: o Mainichi Art Prize (1971) com o livro Leyte Senki, o Noma Literary Prize (1974) com Nakahara Chuya e o Mystery Writers of Japan Prize (1978) com Jiken.

Ooka morre em 1988, aos 79 anos. O seu túmulo está no cemitério Tama, nos arredores de Tóquio. A título póstumo Ooka recebe um segundo prémio Yomiuri em 1989 por uma biografia que escreveu sobre o escritor Natsume Sōseki.

Escrito por: Fernando Ferreira

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