Apesar do nosso mercado editorial ser ainda muito pequeno comparando com, por exemplo, o nosso país vizinho, aos poucos vamos assistindo a boas surpresas e este mangá de que vou falar é uma delas.
Logo à partida o título e a capa foram o suficiente para me interessar por esta novidade lançada pela Midori Editora. A autora deste mangá é Mi Tagawa (ミ田川) e o título é “A Raposa e o Pequeno Tanuki” (こりせんまん, Korisenman, no título original).
Aprisionado por trezentos anos e finalmente libertado pela própria divindade que inicialmente o selou, Senzou é um poderoso espírito de raposa negra que, apesar de voltar a estar livre, está obrigado a cumprir uma missão: criar um filhote de tanuki, chamado Manpachi, para ser um bom servo dos deuses. Se ele chegar ao fim da missão com sucesso, será recompensado com total liberdade. Se não conseguir cumprir o objectivo, então, o colar de contas mágicas que tem ao pescoço entrará em atividade e causar-lhe-á uma dor inimaginável.
Além desta premissa, o que salta à vista neste mangá é o folclore japonês com todos os seus Deuses e os diferentes bakemono, uma palavra que muitas vezes é traduzida como “monstro” ou “fantasma”, e se refere a seres sobrenaturais de transformação temporária.
Ao longo da história vamos assistindo à relação mentor-aprendiz que neste caso são a raposa e o tanuki. Outro ponto a salientar prende-se com o espaço que a autora dá para as duas personagens irem crescendo ao longo da história. Também as personagens secundárias, outra raposa e dois lobos, são importantes para o desenvolvimento da narrativa.
Mesmo tendo as personagens estereotipadas, um mundo em tudo idêntico ao nosso, a autora consegue fazer com que o leitor esqueça isso porque é a interacção entre as personagens e as situações que fazem a história.
A arte de Mi Tagawa não é das mais espectaculares, mas cumpre perfeitamente a sua função. O estilo de desenho é, sem dúvida, um piscar de olho à estética Disney com um toque kawaii (ou não fosse isto um mangá) nas personagens e, em especial, no pequeno Manpachi. O desenho dos “backgrounds” também é simples, mas confere uma boa dinâmica a toda a acção.
Quanto à edição em si, o formato do volume é o tradicional dos mangás, a impressão está com boa qualidade. No entanto, o tipo de encadernação poderia ser melhor, já que a encadernação está apertada, o que em algumas páginas torna difícil a leitura de alguns balões de fala.
A Raposa e o Pequeno Tanuki é uma história divertida e cativante, com personagens adoráveis e muitas aventuras. É um mangá óptimo para crianças ou para qualquer adulto que procuram uma experiência de leitura diferente. Apesar de não ter um enredo original, a história deste mangá, que ainda está em publicação no Japão (actualmente vai no volume 5), consegue cativar o leitor.
Escrito por: Fernando Ferreira