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Yousei furorensu

A maior parte das pessoas associa a empresa Sanrio à Hello Kitty, no entanto, desde os anos 70 que esta é também uma produtora de filmes de animação. Fairy Florence (Yousei Florence) foi o último filme lançado por esta empresa, a 19 de Outubro de 1985, após quatro anos de produção sob o seu selo Sanrio Films, pondo fim a uma série quase anual de lançamentos que haviam começado no final dos anos 70 com o Ringing Bell, Chiisana Jumbo e The Mouse and his Child.

O argumento de Fairy Florence (妖精フローレンス, leia-se Yousei furorensu) foi escrito pelo próprio fundador da Sanrio, Shintaro Tsuji, com a intenção de ser a resposta japonesa ao filme Fantasia da Disney, algo que a empresa já havia tentado sem sucesso e com fracos resultados a nível monetário, com o filme Winds of Change, de 1978. Também marcou o fim da colaboração do diretor Masami Hata com o estúdio durante vários anos.

O filme apresenta-nos um caprichoso conto musical, onde o jovem músico Michael, filho de músicos famosos, passa mais tempo com as plantas da estufa do que nos ensaios da classe. Quando ele chega atrasado mais uma vez, o professor expulsa-o da banda deixando Michael triste e desanimado. Para restaurar a sua fé e o seu talento musical, uma fada chamada Florence, que vive dentro de uma flor que Michael resgatou, leva o menino numa viagem através do seu mundo, onde a fé nas suas habilidades é restaurada.

Obviamente, isto reflete o duplo desejo do menino de ser um ou outro e, aparentemente, as fadas são o lado bom, calmo, romântico, em contacto com a natureza, enquanto os duendes são o lado mau, selvagem, apaixonado, luxurioso da sua personalidade. No entanto, ao longo do caminho esta visão muda à medida que ele percebe que ser passivo e pacifista nem sempre é uma coisa boa; assim, o filme escapa da visão óbvia a preto e branco que a maioria das histórias infantis almejam.

Para realçar a vertente musical do filme Masachika Ichimura, membro da Companhia de Teatro Shiki – um dos mais antigos e amados Grupos de Teatro Musical do Japão, foi elenco no papel principal de Michael. O co-fundador da Nova Filarmónica Japonesa, Naozumi Yamamoto, foi convidado a selecionar as peças clássicas para o filme e a compor a canção de assinatura da Fada Florença, bem como a conduzir a Filarmónica de Tóquio na criação das mesmas. Para acompanhar o filme, foi lançado um álbum em vinil com a banda sonora, que vinha acompanhado de um livro de arte.

Mais tarde, a Sanrio ressuscitou o filme e transformou-o numa pequena peça de teatro, substituindo a personagem Michael pela famosa Hello Kitty. Esta versão também foi lançada em formato de vídeo e DVD.

Quando vi a capa do VHS/DVD esperava que isto fosse um filme de animação medíocre e mal animado dos anos 80 mas, em vez disso, descobri um filme de animação japonês lindamente trabalhado, que me deixou a chorar que nem uma Maria Madalena.

Com uma estética adequada, mesmo a história mais simples pode ficar linda. Está tudo na apresentação e este filme é um belo exemplo onde a atmosfera é mais importante do que a trama. Visual e acusticamente, o filme é maravilhoso, pois é feito para ser em simultâneo, teatral e musical. É basicamente como assistir a um bom ballet. O mais importante é que tudo é feito para parecer e soar relevante para a premissa básica, o duplo desejo/natureza do menino. O filme é bastante bem-sucedido neste aspecto.

A história e os personagens são todos muito básicos e secos antes da estética, mas novamente, este filme consegue não ir para o bem contra o mal e até mesmo ter uma inesperada mudança de coração no final. Isso é digno de nota, na sua própria maneira simples.

Em conclusão, se são fãs de Fantasia, música clássica e ballet então não percam tempo e vejam este filme que quase me atrevo a dizer que é muito melhor que Fantasia.

Escrito por: Inês Esteves

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