Quando vi que a Editora Asa ia publicar este título, fiquei logo com vontade de lhe por as mãos, isto porque já conhecia o trabalho do autor, mas como argumentista de mangá. Mas deixemos a banda desenhada japonesa e passemos ao romance escrito por Kotaro Isaka.
A acção de Bullet Train acontece a bordo de um comboio de alta velocidade japonês, conhecido como shinkansen, que tem como ponto de partida a capital japonesa Tóquio e como ponto de chegada a cidade de Morioka, no norte do Japão. Neste comboio não existem muitos passageiros, mas no grupo das pessoas que viajam estão nada mais nada menos do que cinco assassinos.
Kimura, um alcoólatra em recuperação, pretende assassinar a pessoa que colocou o seu filho em coma. Uma dupla pateta apelidada de “Tangerina” e “Limão”, que resgatou o filho sequestrado de um gangster famoso e que o leva de volta ao pai – junto com uma mala cheia de dinheiro. Nanao, conhecida como “Ladybug”, é a assassina mais azarada do mundo – todas as tarefas dão errado. E, finalmente, o príncipe é um adolescente que interpreta o estudante inocente, mas na verdade é um sociopata.
Não será preciso dizer mais sobre o que poderá acontecer dentro deste shinkansen… Estes cinco “estranhos” dentro de um comboio, mais algumas personagens secundárias suculentas vão fazer uma viagem com muitos contratempos, voltas e reviravoltas.
O enredo (do livro) consiste em desvendar as camadas de relacionamentos que cada personagem desconhece inicialmente: cada revelação leva a um novo mistério e complicação. Numa carruagem em particular, há uma elevada contagem de corpos, que se vão acumulando ao longo da viagem. A trama do livro é bastante complexa, pelo que o melhor é o lê-lo.
Podemos inserir Bullet Train na categoria dos thrillers, o autor não tem como objectivo expressar uma grande ideia cultural ou de lidar com temas sérios. O que o autor nos dá em Bullet Train é o prazer irresponsável do puro entretenimento.
Como curiosidade, o título original do livro em japonês não é Bullet Train mas sim Maria Beetle, se lerem o livro vão entender porquê. Sobre o autor Isaka, foi o único autor no Japão a ser indicado para o Hon’ya Taishō em cada um dos primeiros quatro anos do prémio, finalmente vencendo em 2008 com Remote Control (título original japonês: Golden Slumber). O mesmo trabalho também ganhou o 21º Prémio Yamamoto Shūgorō. Adaptou Maoh: Juvenile Remix (魔王 ~JUVENILE REMIX~) uma série de mangá com ilustrações de Megumi Ōsuga e argumento do próprio Isaka.
Aconselho que leiam o livro primeiro, porque o filme vem com muito fogo de artíficio. Isto talvez por ter sido adaptado para o cinema de Hollywood e que tem como actores principais Brad Pitt e Sandra Bullock. O livro tem muito mais a capacidade de nos levar para dentro das personagens, seja a vergonha de Kimura, pela forma como o seu pai (da velha escola) o vê, o hábito de Limão de ver tudo em termos do universo Thomas the Tank Engine – que enlouquece seu parceiro – ou o arrogante Principe que manipula os seus colegas e professores estudando o genocídio de Ruanda.
Em suma, Bullet Train é um bom livro para os fãs dos thrillers e recomendamos a sua leitura.
Escrito por: Fernando Ferreira