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Maiko-san chino makanai-san

Quando comecei a ver Maiko-san chino makanai-san (舞妓さんちのまかないさん), desconhecia que era da autoria de Hirokazu Kore-eda, tendo sido mais atraído pelo contexto da série. Tendo tido o primeiro contacto com o mundo das maiko através do filme musical Maiko wa Lady de Masayuki Suo, esta abordagem bastante diferente por parte do mestre Kore-eda provavelmente irá fazer parte da minha lista de séries favoritas deste ano que agora começa.

Kiyo (Nana Mori) e Sumire (Natsuki Deguchi) são duas amigas que partem para Kyoto com o sonho de se tornar maiko. Inseparáveis desde crianças, mostram diferentes níveis de aptidão para esta arte quando começam a seguir o rigoroso regime de treino. Em pouco tempo, e para tristeza de Sumire, Kiyo mostra não ter nenhuma aptidão para cumprir o objectivo ao qual as duas amigas se propuseram.

No entanto, devido a um acaso do destino, Kiyo começa a cozinhar para a casa onde ambas habitam com as restantes membros desta “família”, tornando-se a makanai da casa, ou seja, a cozinheira de serviço. O enredo da série é simples, focando-se maioritariamente na forma como tanto Kiyo e Sumire se adaptam aos novos papéis que têm nas suas vidas. Mas nem só de Kiyo e Sumire vive a série, sendo dada atenção a cada uma das membras da casa onde todas habitam, variando o foco entre o seu presente e passado.

Hirokazu Kore-Eda é um mestre de transformar o mundano em histórias mais apelativas que a maioria das obras de fantasia. As personagens da série vivem vidas simples, enfrentando contratempos comuns a qualquer ser humano, abordados ponderadamente sem nunca entrar numa dramatização excessiva dos seus problemas.

É nesta característica que Maiko-san chino makanai-san, e grande parte da obra de Kore-Eda, tem um dos seus pontos mais fortes, mostrando-nos problemas reais com os quais nos podemos identificar, sem, no entanto, nos colocar à beira de um ataque de ansiedade. Numa altura em que o estilo de música lo-fi tem níveis de popularidade bastante elevados, é exactamente esse o sentimento que senti a ver a série, transmitindo uma calma e beleza raramente encontradas em produções televisivas (e mesmo cinematográficas).

Outro dos pontos fortes da série é a sua incrível cinematografia, cujos padrões de qualidade estão bastante acima de uma comum produção para TV. A atenção ao detalhe é grande, fazendo o realizador uso de diferentes ângulos conforme os requisitos da cena. As cenas de confecção de comida ou de performances das maiko são bastante íntimas, usando planos aproximados que nos mostram todos os detalhes de ambos os processos. Já nas cenas em que temos uma maior parte do elenco no ecrã, como na hora das refeições, Kore-eda opta por planos mais afastados, em que parece que vemos uma cena a desenrolar-se naturalmente à nossa frente em vez de no ecrã da TV.

Não deixando nada ao acaso, a banda sonora da série é da autoria de Yoko Kanno, nome que normalmente assegura qualidade em tudo o que entra, não sendo esta obra excepção.

Adaptado a partir do manga Maiko-san chi no Makanai-san de Aiko Koyama, esta série é uma delícia para todos os adeptos do género slice-of-life e para os adeptos da cozinha japonesa, que irão automaticamente atrás das receitas da série após a sua visualização.

Escrito por: Nuno Rocha

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