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Yoshida fez 16 mil quilómetros a pé de Xangai até Lisboa

É japonês, tem 29 anos e veio a pé de Xangai até Lisboa. Cerca de 16 000 quilómetros percorridos em 581 dias, que o deixam mais perto do objectivo: dar a volta ao mundo. Masahito Yoshida poderia ser um qualquer turista, não fosse a carroça de inox que traz consigo e as botas de caminhada, já gastas.

Apresenta-se com um largo sorriso e estende a mão para entregar o cartão onde se lê o nome, email e o blogue onde vai registando a viagem, documentando-a com fotografias. Usa calções, uma camisola salpicada de nódoas, um chapéu de explorador e óculos de sol. Onde quer que vá os olhos viram-se na sua direcção, mas não se importa. Encolhe os ombros e sorri.

Na carroça traz só o essencial: “tenda, fogão, roupa, computador e máquina fotográfica”. Veio em busca de novas experiências e de uma forma diferente de viajar. E pagando tudo do seu bolso: 3500 a 4000€ euros para comida, água e dormidas em alguns hotéis para recuperar o fôlego e escapar às intempéries.

Saiu do Japão a 1 de Janeiro de 2009, percorrendo de barco a distância que o separava de Shangai, onde iniciou o trajecto rumo ao cabo da Roca, o ponto mais ocidental do continente europeu.

Chegou ao destino no dia 3, depois de ter atravessado 20 países, desde as areias do deserto, aos declives acentuados das montanhas e ao gelo traiçoeiro de Invernos rigorosos. Mas nunca teve vontade de desistir. “Quando era mais difícil, pensava ‘cabo da Roca’ e ‘Lisboa'” e ganhava forças redobradas.”

Prefere as pequenas vilas à confusão da cidade porque aí “é mais fácil de caminhar”. Em Portugal gostou de todas as terras onde passou. “É muito bonito, um dos melhores países”. Encantou-se com os prédios em Coimbra, o vinho e o peixe, uma iguaria que teve poucas oportunidades de saborear. Farto de noodles e arroz, a dieta base, diz que toda a comida que provou era deliciosa. “Mas quero comer comida japonesa”, remata, depressa.

Nada diz sobre as saudades de casa. Prefere não pensar muito nisso. Em Tottori, terra natal, era engenheiro mecânico. Partiu em busca de uma nova vida. Em 2003 esteve na Ásia, África e Europa, deslocando-se de autocarro e comboio. “Mas não era interessante. Queria visitar cidades, conhecer pessoas.”

A família teve um choque quando Masahito anunciou os seus planos. “Chamaram-me maluco”, conta entre risos, “mas hoje apoiam a minha viagem”.

Só esteve prestes a interromper a sua volta ao mundo uma vez, para ver o avô que morreu há dez dias. “Tinha um cancro. Estava a pensar se de Lisboa devia voltar ao Japão ou ir para a América. Mas o meu avô morreu.” Vai por isso continuar a viagem. “Vou para os EUA.” De Lisboa voará para Filadélfia, onde iniciará uma nova caminhada, que espera acabar em dez meses.

Percorreu cerca de 16 000 quilómetros num ano, sete meses e três dias, numa viagem marcada por várias paragens. A mais trágica aconteceu na Bulgária, onde se viu mergulhado numa tempestade de neve, com uma temperatura de 20 graus negativos. Os dedos das mãos congelaram e acabou por permanecer no país um mês, entre o hospital e o descanso forçado.

Gostou da maior parte dos países, mas é do Cazaquistão que tem saudades. “Não havia nada”, conta. “Andava 200 ou 300 quilómetros por um café. Às vezes passavam carros e davam-me comida e água. Foi difícil, mas a experiência mais interessante”, remata Masahito Yoshida.

Fonte: DN

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