Não tão conhecido como Sherlock Holmes e sem o complexo de Jessica Fletcher (emblemática protagonista de uma série televisiva chamada “Murder, She Wrote” que fazia as suas deduções detectivescas sem sair de casa, deixando qualquer pessoa de boca aberta), encontramos Narutaki, um jovem detective que vive num cenário hipotético entre a cidade de Londres victoriana e Tokyo, de nome “Steam City”, na altura da revolução industrial, onde todos os produtos e mecanismos são extremamente “hi-tech”, mas alimentados pela fonte de energia da altura, o vapor.
Combinando vários apontamentos históricos, a história de Narutaki (Steam Detectives) inicia-se quando um misterioso vilão (The Night Phantom) decide matar os seus pais quando este ainda era um bébé. Com o tempo Narutaki vai crescendo e converte-se num detective, seguindo as pegadas do seu defunto pai e ajudado pelos seus amigos mais próximos, Kawakubo, o idoso e fiel mordomo, Lin-Lin, a enfermeira e filha do falecido Dr. Shu e uma espécie de robot chamado Goriki desenhado e construído pelo génio bio-tecnológico Dr. Shu.
Apesar de a maioria dos robots necessitarem de um operador para os controlar remotamente, Goriki tem a habilidade para se movimentar sozinho. A razão para este facto é que o cérebro do doutor foi colocado no corpo de Goriki depois da sua morte.
Também existe o outro lado da moeda, The Night Phantom, com um traje que nos faz recordar Batman lidera o plutão como o maior inimigo de Narutaki. Depois temos Le Bread, o nemesis de Nurataki que se considera o seu inimigo número um acompanhado igualmente por uma enfermeira de nome Ran Ran.
Kaiketsu Shoki Tanteidan no título original e traduzido em inglês para Steam Detectives foi totalmente escrito e desenhado por Kia Asamiya e publicado no Japão no ano de 1995 pela Shueisha Inc, e pouco tempo mais tarde pela revista Ultra Jump ainda no ano de 1995. Passou para o formato manga pelas mãos da editora Jump Comics, num total de oito volumes, com 202 páginas. Também existe em versão inglesa, espanhola e italiana mas em algumas das edições o número de volumes editados não é igual à versão japonesa.
Talvez seja uma surpresa agradável ver esta mudança “radical” no estilo de desenhos de Kia Asamiya, isto para quem já conhecia outros trabalhos, casos de Silent Mobius e Martian Successor Nadesico ambos cheios de apontamentos realistas e bem detalhados. Com Steam Detectives, Asamiya optou por um estilo bastante mais “retro” bem na linha do classico Osamu Tezuka ou mesmo Ishinomori, respectivamente criadores dos mangas ‘Gigantor’ e ‘Cyborg 009’.
Também a “tonalidade” da cidade parece-nos uma homenagem deliberada a “Gotham City”, talvez por isso é que Asamiya tenha sido convidado para desenhar os X-Men.
Apesar de tudo Steam Detectives tem “algo” que nos prende, mesmo aqueles que não gostam deste tipo de enredo ou temática são levados até ao final. Com uma boa dose de acção, um pouco de humor e umas personagens que nos cativam, Steam Detectives torna-se um manga bastante agradável de se ler. Por isso, talvez este manga esteja mais direccionado para todos aqueles que gostam de histórias de detectives ou fãs incondicionais de Asamiya.
Autor:Fernando Ferreira