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Harukana Machi-E

Toda a gente ou quase toda a gente desejou voltar à infância. Este desejo também é sentido pelo protagonista desta história, um homem maduro que de volta a casa depois de uma viagem de negócios, dá consigo involuntariamente na sua cidade natal.

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Ao deambular-se pela cidade encontra a campa da sua mãe, e vê-se projectado para o passado, onde volta a viver um bocado a sua infância, sem que perdesse a sua maneira de ser nem a experiência de adulto. Pela primeira vez está na disposição de compreeender os seus pais.

O regresso ao passado pelas razões mais estranhas, é um dos argumentos mais utilizados em vários mangas. Jiro Taniguchi utiliza este tipo de narração e um excelente desenho para dar às suas histórias uma outra dimensão.

“Harukana Machi-E”, que traduzido para português ficaria “Bairro distante” é um manga destinado ao público mais adulto, com uma temática fora do comum, tratando aspectos realmente complicados da sociedade japonesa dos anos 60. Uma situação difícil, para um pai de família dos disa de hoje que esqueceu tudo o que viveu antes, e que vive quase sem recordações.

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A história tem um traço bastante suave, e as imagens são nítidas e precisas. Apesar da simplicidade do desenho dos personagens, Taniguchi chega consegue exprimir claramente qualquer gama de sentimentos, o que torna toda esta história muito credível. Para aperfeiçoar o realismo, Taniguchi oferece-nos ambientes e locais de Tottori (cidade natal de Taniguchi), onde a utilização das tramas são um dos pontos fortes da sua técnica, dando assim um enriquecimento aos detalhes das ruas.

O autor consegue sem o mínimo de problema dar ritmo à sua história. Para isso serve-se da fluidez da leitura e da quantidade de diálogos que apresenta em cada página (nas cenas familiares) e deixa o silêncio para as situações mais introspectivas.

Composto por dois volumes e com edição pelo menos em duas línguas (francês e espanhol), “Harukana Machi-E” é um manga de Jiro Taniguchi, que nasceu em 1947 na cidade de Tottori e trabalhou com assistente num estúdio de manga até 1972, ano em que lançou o seu primeiro manga “Kareta Heya (Husky Room)”.

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Ganhou vários prémios um dos quais o segundo lugar no “Tezuka Osamu Culture Award” em 1998. O seu mais recente trabalho é “Sosakusha (O Investigador)”, mas foi por outro título que ficou mais conhecido, “O diário de meu Pai”.
Mais recentemente, este manga foi galardoado com o prémio de melhor guião no Festival de Angouleme no ano passado (2003).

O que é mais interessante nesta edição é o facto de ter sido uma pequena editora “Ponent Mon” (Espanha) a pegar neste título, já que anteriores trabalhos de Jiro estavam a ser editados pela Multinacional Planeta Agostini. Sem dúvida um exemplo a seguir pelas editoras nacionais que têm medo de “apostar” em títulos menos conhecidos …

Escrito por: Fernando Ferreira

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