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The Pillows

Parte 1: O começo problemático

Longe do universo pop da cena japonesa e a anos de luz da onda de bandas de visual-kei e variados. As novas sonoridades de misto hip-hop/punk japonesas pouco lhes interessam, talvez por isso o selo de « J’Rockers » não pareça caracterizar esta banda já que as suas próprias influências são muito ocidentais.

Os The Pillows arrecadaram o estatuto de banda de culto para alguns fãs de anime quando no ano 2000 musicas suas foram usadas para completar a banda sonora de “FLCL”, uma das obras-primas da Gainax. As melodias que apelavam a um regresso ao passado, misto The Beatles com grunge, punk-rock à lá Ramones e um travo de pop-rock convencional foi o suficiente para fazer com que certas músicas presentes na banda sonora, incluíndo « Ride one Shotting Star » acabassem por ter sucesso entre os fãs. Mas antes de « FLCL » já os The Pillows lançavam albuns para a pequena mas devota comunidade de fãs.

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Tudo começa em 1989 quando Sawao Yamanka (guitarra e voz), Yoshiaki Manabe (guitarra), Shinichiro Sato (bateria) e Kenji Ueda (baixo) formaram os The Pillows, uma banda com um registo muito retro e agradável que fazia parecer recordar os The Beatles e o outras bandas da britpop/rock. O sucesso dos três primeiros EPs (em 1990) e o carisma da banda em palco foram suficientes para que em 1991 a banda lançasse o seu primeiro album de originais , Moon Gold, sob a tutela da editora Pony Canyon.

Moon Gold esteve longe do sucesso e obrigou a banda a explorar novos horizontes nas suas capacidades. Ainda pareciam ser muito ingénuos e inexperientes mas, pior que tudo, faltava a Moon Gold a abordagem simples e eficaz presente nos anteriores EPs. No seio desta re-estruturação, o baixista Kenji Ueda saiu da banda e os The Pillows passaram a ser só três.

Desde então os The Pillows trabalharam com dois baixistas (Tatsuya Kashima até 1999 e Jun Suzuki desde então) mas nunca os consideraram parte integrante da banda cuja a imagem continua a ser detida pelos três elementos principais que sobram.

Em 1992 e ainda sob a tutela da Pony Canyon os The Pillows lançam o album da diferença, White Incarnation era mais adulto na técnica e adolescente no sentimento mas ainda com muito caminho para percorrer, musicas como “colorful pumpkin fields” traziam esperança. Este trabalho acabou por ter uma maior aceitação do público e da crítca e dava ainda a entrada aos The Pillows à cena indie japonesa. Para finalizar receberam o convite de assinarem pela King Records (famosa produtora japonesa de musica independente e/ou rock) que desde então nunca mais largaram.

Parte 2: Nova vida

O trabalho para a King Records começa então em 1994 com Kool Spice, obra que primava por uma bizarra originalidade (principalmente na música “Naked Shuffle”). Daydream Wonder seguiu-se um ano depois e apostava num registo mais parecido com Kool Spice.

Em 1996 a King Records aposta a sério num novo álbum de originais dos The Pillows (que só acabaria por ser lançado no ano seguinte) com o lançamento de vários singles desse album no final de 96. Os videos começavam a rodar em programas de música rock indie e os fãs eram apresentados a uns “novos” The Pillows, mais melódicos quanto-baste, mais apreciàveis mas também muito mais Rock.

1997 sai Please, Mr. Lostman, o primeiro grande trabalho dos The Pillows e aquele que começou a criar o verdadeiro grupo de fãs que eles agora tanto se orgulham. O álbum oscilava entre sonoridades mais cruas (“Stalker”) e melodias dentro do género pop-rock (“Strange Chameleon”, “Swanky Street” e “Please, Mr. Lostman”). A fórmula funcionou e a partir daí era sabido que os The Pillows tinham crescido para se tornarem numa banda a seguir com especial atenção.

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Parte 3: We Are Busters

1998 trouxe Little Busters, um dos álbuns preferidos dos fãs e aquele que os atirou para o estrelato definitivo (dentro dos limites de uma banda alternativa no Japão, claro está). Abrindo logo com uma pista divertida e mexida (“Hello, welcome to Bubbletown’s Happy Zoo (instant show)”) e depois passando entre baladas inesqueciveis (“one life”, “hybrid rainbow”, “black sheep”) e musicas mais abertas capazes de abrilhantar um concerto (“Blues Drive Monster” e “Little Busters”), este álbum acabou por aproveitar de um enorme e acolhedor sucesso. As pequenas salas de concerto dos The Pillows estavam a abarrotar e a partir de então todos os fãs da banda se começaram a apelidar de Little Busters (ou só Busters) entre eles. Começa aqui, verdadeiramente, a época de ouro.

Runners High é lançado logo em 1999 e mais uma vez é adorado pela crítica. Desta vez com mais guitarra e menos baladas (exepção feita a « Bran-New Lovesong ») este trabalho é agora considerado o album mais rock da banda com entradas mais cruas e destrutivas que antes a banda não parecia apresentar, bom exemplo disso são as musicas «no self control», «white ash» , «sad sad kidie» e «instant music».
O mesmo ano só ficou completo com Happy Bivouac que pode ser considerado uma espécie de tributo à banda norte-americana Pixies, como se vê em músicas como «Back Seat Dog», «Kim Deal» e «Advice».

Parte 4: Ser ou não ser

Com o sucesso de FLCL e do single “Ride on Shooting Star” no ano 2000, a banda foi invadida por propostas para novas produtoras e para fazerem concertos em lugares com uma maior capacidade para todos os « novos fãs » puderem ver a sua musica de FLCL preferida ao vivo. Sawao recusa as propostas dizendo que preferia ver os seus concertos cheios com os verdadeiros fãs da banda que conheciam todas as musicas.

Em 2001 lançam então o seu primeiro best of  até agora denominado de Fool on the Planet que incluía uma nova musica que dá nome ao album e dedicada a todos os Busters que encheram os concertos dos The Pillows até então. No fim do ano lançam o que é, para mim, a obra-prima da banda. Smile é indubitavelmente o album mais adulto da banda e infelizmente o menos falado. Mantendo uma linha sonora constante, este trabalho foi a ponte para os The Pillows de agora. Mais indie, mais complexo e mais extremo, tem pérolas inultrapassáveis como «Calvero», «Monster C.C.», «Winning Come Back» e «Fun, Fun, Fun, Ok !».

E é nesta altura que os The Pillows atingem o verdadeiro estatuto de culto e de banda mais importante da onda indie-rock japonesa. Os trabalhos seguinte acabariam por fomentar tudo isso sem no entanto se perder o fulgor do passado. Ao mesmo tempo os três membros começam as suas carreiras a solo. Sawao acompanha o seu irmão Hidetoshi numa série de concertos e ainda abre a Delicious Label, editora de nova musica rock-independente japonesa que lançou bandas como os Noodles. Faz ainda uma série de musicas a solo presentes em compilações da Delicious Label. Yoshitaki completa o seu sonho de adolescente e cria uma banda de Reagge, Nine Miles, que já vão com dois albuns. Shinichiro Sato entra na banda punk O.P. King.

Parte 5: O futuro é deles

Mas não pensem que estávamos perto do fim dos The Pillows. Desde então que eles os têm apresentado quase um novo trabalho por ano. Em 2002 lançam Thank You, My Twilight (“Shiroi natsu to midori no jitensha, akai kami to kuroi guitar”, “Babylon verses of Angel”, “Robotman” e “Rookie Jet” que aparece mesmo na banda sonora do anime “BECK”) e ainda um album duplo de b-sides chamado Another Morning, Another Pillows.

Em 2003 sai Penalty Life, famoso pelo seu single “Terminal Heavens Rock” e onde ainda se destacam “Dead Stock Paradise” e “Super Trampoline School Kid”.
Em 2004 lançam o seu último album até agora, GOOD DREAMS, que infelizmente não conseguiu surpreender tanto como os anteriores parecendo por vezes repetitivo e casual. No entanto musicas como “Xavier” e “Sono Mirai Wa Ima” são suficientemente boas para dar uma nova oportunidade ao album. Nesse mesmo ano os The Pillows participaram em mais duas bandas sonoras. O filme Colors of Life usa “Dead Stock Paradise” e “Super Trampoline School Kid” e o anime de culto “BECK” usa “Rookie Jet”, “Last Dinosaur” e “Advice” para além de contar com a banda como personagens nas suas versões animadas.

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E o futuro reserva-se diferente para esta banda que agora está a apostar nos seus Busters estrangeiros. No fim do ano passado os The Pillows fizeram uma sucedida tournée nos Estados Unidos da América que acabou com a notícia de um futuro lançamento de uma edição americana de Penalty Life. A banda ainda foi homenageada pelos novos grupos indie-rock japonês no album Synchronized Rockers que conta com a participação dos Noodles, Bump of Chicken, The Pees, entre outros que cantam novas versões de clássicos dos The Pillows.

Por enquanto Sawao Yamanaka e o seu grupo estão a completar a tournée japonesa. De seguida pensa-se que irão fazer uma pequena pausa para se ocuparem dos seus outros projectos antes de voltarem ao estúdio pois o novo álbum parece já estar em preparação e poderá sair no fim deste ano ou na primeira metade de 2006.

Até lá, boa sorte para eles e esperemos que um dia se lembrem de fazer uma tournée pela Europa. Busters aqui não faltam.

Escrito por: Francisco Silva

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