As novas tendências musicais e a experimentação sonora nem sempre vêm dos grandes centros culturais: Nova York, Londres ou Berlim. A pianista e
compositora Aki Takase, nascida na cidade de Osaka (Japão), é um dos exemplos mais interessantes do jazz contemporâneo associado a uma vanguarda implicita.
É sabido, que a sua carreira ficou mais conhecida desde os seus 30 anos e aquando a sua passagem pelos Estados Unidos, mas também não é menos verdade que a sua formação académica e vivência começa no país do Sol Nascente.
Seguindo os passos da pianista de origem chinesa Toshiko Akiyoshi, que desde os anos 50 o seu nome é respeitado pelos artistas de jazz norte-americanos, Aki Takase apresenta-nos uma das suas últimas gravações efectuadas no ano de 2003.
“The dessert”, é um portfólio de composições que explora o lado mais jazzistico de Takase com o clarinetista e contrabaixista ocasional Rudi Mahall. Um conjunto de peças (com a magnífica serie ‘Anekdot’, desenvolvida em 4 partes) que navegam entre a improvisação jazz e a composição de música de câmara.
Escrito completamente para baixo, este album é construído pelas referências e conhecimentos de Takase das danças — o tango, foxtrot, waltz, entre outras.Uma obra aparentemente simples, mas que esconde uma complicidade que só as pessoas mais atentas a este tipo de música e dos trabalhos de Aki Takase compreendem.
Aclamado como um dos registos discográficos mais elegantes da música improvisada, “The dessert” ou em português “A Sobremesa” é composta por 17 pequenas iguarias musicais (entre os 2 e os 7 minutos) bastante açucardas como são o caso de “Apple Cake” (Bolo de Maçã), “Creme au Caramel” (Creme caramelizado) e salpicados com doses q.b de humor dadas pelos títulos das músicas em russo “Voskresenie” (Domingo), “Raskaz” (história) e “Pirodjok” (pequena tarte).
Além deste trabalho os mais interessados por estas sonoridades deverão ouvir outros peças desta bonita mulher asiática, como por exemplo osalbuns: Piano duets – Live in Berlin, 1993-1994 (1995, com o prestigiado pianista alemão Alexander von Schlippenbach), Le Cahier du Bal (2001, um album de improvisação a solo) e Nine fragments: Dempa (2002, um album mais experimental e electrónico).
De referir que Aki Takase passou por Portugal em Julho de 2005 na cidade do Porto (Serralves) para a 14.ª edição do mini-festival Jazz No Parque.
Autor:Fernando Ferreira