O problema das práticas musicais demasiado ligadas a um determinado procedimento técnico ou a uma fórmula é a repetição. É este o caso dos japoneses Ruins, cujos discos tendem a girar em volta dos mesmos padrões rítmicos.
Formado pelo baterista/vocalista Tatsuya Yoshida e por Hirashi Sasaki no baixo eléctrico, formação bem invulgar, o duo continua a destilar algumas das características que marcaram o rock/jazz progressivo dos Magma de Christian Vander, num contexto conotado com o punk hardcore, o trash metal e o free rock.
A vantagem de «Tzomborgha» relativamente a outros títulos é o facto de evidenciarem outras influências no seu cozinhado de estilos: as duas últimas faixas consistem mesmo em medleys de dois dos grupos que mais admiram, Black Sabbath e Mahavishnu Orchestra, e o tema «Messiaen» é baseado em partituras do compositor francês com o mesmo nome, comprovando o interesse dos Ruins por outras áreas musicais, designadamente a clássica contemporânea.
Talvez no futuro desvelem igualmente o gosto que lhes adivinhamos por Frank Zappa, Area, Henry Kow, King Crimson ou This Heat, mas a verdade é que o proveito musical destes exercícios, por mais curiosos e bem feitos que eles nos pareçam, é praticamente nulo. Está na altura de estes extraordinários músicos (que o são, sem sombra de dúvida) partirem para outra…
Autor:Rui Eduardo Paes