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DearS

Imaginemos que vocês podiam fazer um anime. Imaginemos que tinham gostado de Chobits mas não tinham dinheiro para mais de 12 episódios. Parabéns, acabaram de criar DearS. Vou ser queimada viva num ritual de sacrificio otaku por estar a ser tão redutora, provavelmente, mas facto é que para quem – como foi o meu caso – viu primeiro Chobits ver este anime é um grande exercício de abstracção, principalmente nos primeiros episódios.

A história é simples. Numa Tokyo quase igual à dos nossos dias, caiu uma nave de extraterrestres que tomavam o nome de DearS, se calhar porque eram bastante pacíficos. Como não conseguiram arranjar a sua nave ficaram no planeta terra e acabaram por receber cidadania japonesa, de forma a se poderem integrar na sociedade ainda mais do que até aí. No meio disto tudo, Takeya Ikuhara é um rapaz rude e agressivo (talvez até um pouco mais do que Sosuke Sagara de Full Metal Panic) que odeia os “aliens” porque vive na impressão de que eles são maus e querem tomar o planeta. Estuda e trabalha , embora não consiga acordar sem a ajuda da sua amiga (e vizinha) Neneko Izumi, uma maria-rapaz que parece desprezá-lo embora acabe por cuidar dele na maioria das vezes.

Um dia Takeya vem da escola (onde lecciona a professora mais …err…como é que explico isto…? será que usar a palavra “tesuda” é adequado? Bem, encarem a palavra “tesuda” como a tradução de “horny”, pois essa é a maneira mais honesta de a descrever) e salva uma misteriosa rapariga que se vem a revelar uma DearS. Apesar de ele não ter percebido bem o que se passava na altura, ela acabou por estabelecer um contrato que a fazia “escrava” dele (explicarei melhor esta parte daqui a umas linhas). A partir daqui ele vai ensiná-la a falar, a comportar-se como um humano normal e também a conviver com os outros…agora percebem o primeiro parágrafo, não é? Entretanto ela é aceite na escola de Takeya , apesar de oficialmente não ter sido a DearS escolhida para estudar nessa escola. Essa DearS chama-se Miu e parece ser perfeita em tudo o que faz.

Exactamente por isto me parecer o típico anime em que rapaz-encontra-rapariga-misteriosa-mas-lindíssima que, apesar de ele ele o negar a principio, tem um lugar especial no coração dele, é que estive reticente em ver o segundo episódio. “Se já vi 26 episódios de Chobits já sei como é que isto se desenrola e acaba.” Como a série só tinha 12 episódios e segundo algumas reviews, não era * assim * tão parecido com a série supracitada acabei por ver. Bem, apenas digo que a história só acaba por ser diferente da de Chobits porque ela aprende a falar logo no segundo episódio (o que , claro, acaba por forçar um rumo diferente do “vamos ensinar coisas a esta gaja boa”). Mas de resto os temas acabam por ser os mesmos e a única coisa remotamente interessante é a relação mestre/escravo que também nem é assim nada de especial. Apenas kinky.

E agora que penso nisso até em Chob- eu vou parar de dizer Chobits , prometo – até em Chobits, como ia a dizer, há uma espécie de relação mestre/escravo, com a diferença de Chii ser tida como “leal” e não ter uma coleira. Pelo menos na versão que saiu para dvd. A história é então , a meu ver, pouco original e fraca . Do princípio ao fim não há surpresas e o episódio final parece uma espécie de coito interrompido pois o culminar da história ocupa cerca de 15 minutos. O meu conselho é mesmo fazer fast forward das partes a atirar ao “profundo” e concentrar só nas partes comicas/ecchi (desde que não envolvam a professora).

Falando da professora e demais personagens não há muito a dizer. Ren é a gaja boa ,obediente e bastante ingénua. Tinha uma voz interessante, no entanto. Ela é também o “modelo defeituoso” (sim, eu sei que vocês me odeiam) , tal como Chii o era. Nada de especial aqui. Miu é – uma das – personagens com um “passado”. Ela chega à escola e passa logo para um lugar de destaque visto que tudo o que faz não ter uma unica imperfeição. É inteligente, decidida e está sempre a competir com Ren. A evolução da personagem , apesar de bastante básica , é interessante. E de todas ela parece a personagem mais real. O resto das personagens, para não me alongar em banalidades é uma espécie de rave de personagens tipo: Neneko tem um nome engraçado mas é a tipica personagem maria-rapaz-parece-que-é-forte-mas-no-fundo-é-sensível.

Takeya é, como já tinha dito, igual (ou pior) do que Sosuke de Full Metal Panic. É arrogante, bruto e nem quando troca vídeos pornográficos com os colegas por comida parece estar integrado num grupo , características que só mudam ligeiramente depois de conhecer Ren. Depois há a rapariga-gato-que-diz-sempre-nii-no-fim-das-frases; os vilões; as colegas chatas que defendem sempre Ren; os colegas tarados que defendem sempre a causa (milenar) das mamas e demais partes pudibundas …e há a professora. A professora é um caso especial para mim. Correndo o risco de mencionar pela enésima vez (segunda, para os mais desatentos) Green Green, parece-me que Mitsuka Yoshimine deveria leccionar e/ou iniciar sexualmente o “baka trio” de Green Green. Seria perfeito. Imaginem uma professora a caminhar para os 40, bruto par, coxas reluzentes, sempre vestida de forma económica, já que os docentes do ensino secundário não ganham assim tanto.

Agora juntem-nos ao “baka trio” e pensem o quão perfeito seria ter Mitsuka a mostrar os seus vídeos – sim, ela tinha videos pornográficos. Ela tinha tantos que o dono do video clube lhe tinha dado uma secção própria. Zeus era capaz de descer à terra só para me felicitar por ter tido a ideia de juntar a professora que , semi-nua, obriga os seus alunos a lerem os contos eróticos da autoria da própria – avaliando-os depois por isso – aos 3 rapazes que quando ficaram presos numa sala sem ar-condicionado começaram a…esqueçam, eu nem me quero lembrar do que eles fizeram.

Anywho, voltando ao tema principal, passo rapidamente pela som dizendo apenas que a voz de Ren é bastante agradável e que tanto a OP e a ED me fazem rir . A primeira por repetir a frase “I’m your slave” e porque, admito, tem um ritmo bastante catchy. Deve ser do vocoder. Já a ED diverte porque tem versões chibi dos personagens e uma música silly a acompanhar .

No campo da animação apenas sublinho que ao fim de um certo tempo a ver anime começo a gostar mais das personagens com cabelos curtos e pouco detalhados. É que as duas DearS principais têm cabelos muito grandes com estilos impossíveis de imaginar e a cereja no topo do bolo – e “topo” neste caso é literal – são os dois cabelos à Love Hina no cimo da cabeça, quais antenas quebradas. O design das personagens é aceitável, apesar de os estilos serem muito exagerados e às vezes mal conseguidos. Nota-se que tentaram fazer personagens únicas. Pena terem falhado uma série de vezes nesse processo. No global pode-se até dizer que é uma animação bastante irregular, alternando entre fluida e mal amanhada . Outra coisa que não gostei, e isto só para terminar esta secção, é uma espécie de brilho constante , especialmente nas cenas passadas em finais de tarde.

Resumindo, DearS é um anime que apenas interessa nas partes cómicas (que o mais das vezes são “ecchi”). Hm, já agora acrescento que o “ecchi” é muito simpático e que satisfez completamente a minha sede de nudez. Principalmente no episódio em que Ren sente que Takeya tem “necessidades” e insinua que é capaz de o ajudar com *qualquer* coisa. Ah, metáforas básicas, “how I love thee”.As partes dramáticas não o são e se já em Chobits eram excessivas e desnecessárias aqui passam apenas por desinteressantes (fiquei completamente indiferente depois de ver o final da série). Teria ficado a gostar mais deste anime se fosse simplesmente uma série cómica sem pretensões de ser um tratado sobre a vida e as relações entre as pessoas. E sobre professoras ninfomaniacas. Jesus , ela era mesmo irritante.

Autor:Mafalda Melo

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