É uma prática social no Japão, onde os homens adultos na casa dos quarenta, cinquenta anos e com uma vida familiar normal, pagam a raparigas para serem suas acompanhantes ou em casos mais extremos para lhes oferecerem serviços sexuais.
Os contactos iniciam-se através de “chat rooms”(salas de conversação) ou por um “tekura” (clubes telefónicos anónimos), os encontros geralmente são organizados via telemóvel ou através de email usando o telemóvel. As raparigas usam um número gratuito que encontram anunciados em forma de publicidade junto às escolas e falam com os homens. Os propietários destes serviços telefónicos, que segundo todos os índicios se relacionam directamente com a “yakuza” (a mafia japonesa), alegam somente que “facilitam” os encontros e que não exercem proxenetismo nem alimentam a prostitucição, que é ilegal no Japão desde 1958. Outras raparigas simplemente deixam o seu contacto de telemóvel nas cabines telefónicas ou em qualquer outro lugar onde possam existir potenciais cliente, da mesma forma que se encontram os contactos para qualquer rede de ‘hot lines’, ou seja sexo via telefone.
Uma vez feito o contacto, o casal encontra-se no sítio combinado. Depois, é comum o homem levar a rapariga a passear para um local da moda. Também é frequente encontrar nesses locais ou em bares aos fins-de-semana e fora dos horários escolares, as raparigas com os seus “sera fuku” (uniforme de marinheiro, como na série Sailor Moon) o típico uniforme colegial das raparigas japonesas. E é bem conhecido o “fetiche” que os homens mais velhos e inclusivé estrangeiros tem por estas meninas.
Depois de comerem algo, e se for desejo e vontade da rapariga (já que o ‘enjo kosai’ pode não implicar sexo) ambos se dirigem para um “rabu hoteru” (hotel do amor), locais onde são alugados quartos para os encontros sexuais. O preço que o homem paga por encontro, pode variar entre os 20,000 e 40,000 Yenes (150 a 320 euros), isto sem incluir as possíveis refeições que possam fazer, o passeio e o hotel.
A idade no Japão para que uma mulher possa ter relações sexuais consentidas, varia de provincia para provincia mas as idades estão entre os 13 e os 18 anos de idade, por esse motivo, nenhum homem pode ser acusado penalmente de estupro ou violação de menores. A maior parte dos analistas estrangeiros, assinalam que a percentagem de jovens e adolescentes que se dedicam a esta práctica oscila entre os 8% e os 15%. E que o espectro de idades das raparigas que costumam praticar o “enjo kosai” varia entre os 12 e os 20 anos.
O obejctivo das raparigas é conseguir arranjar dinheiro para comprar roupas de marca ou simplesmente para terem dinheiro para a diversão do fim-de-semana. Esta práctica está muito relacionada, com a subcultura “Kogal” japonesa (Yankee girls), uma mistura de estilo de vida japonês urbano com a moda e estilo americano. Esta subcultura aparece no final dos anos 80 em pleno “boom” económico, muitos estudiosos vêem este fenómeno como uma forma das jovens raparigas preservarem o seu estilo de vida daquela época, apesar das suas famílias estarem com grandes dificuldades económicas. Para as jovens japonesas, como de muitas outras culturas, a rejeição social é intolerante, mas ao contrário das outras, as raparigas japonesas estão dispostas a fazer este sacrifício, apesar de que nenhuma vê isto como tal. Outros, defendem o fenómeno do “enjo kosai” como um ritual de iniciação que se desenvolveu naturalmente na sociadade capitalista do Japão contemporâneo.
As raparigas que se dedicam a este tipo de prostitução parecem não ter qualquer tipo de sentimento de culpa. Os argumentos para justificar a sua conduta sustentam-se na forma tão permissiva que como é visto o sexo no Japão, nos problemas de personalidade e na mistura de valores que a sociedade japonesa sofreu. Tudo isto é claro e de forma voluntária (não por extrema necesidade ou por força maior) e com normas e regras bem definidas entre o cliente e a rapariga. Esta ganha uma boa quantia de dinheiro e o homem satisfaz os seus desejos. É uma relação de compra e venda tão normal como qualquer outra, por isso parace que não existe razão para se sentirem culpadas.
Às autoridades e legisladores parece que esta actividade não tem grande importância, ou então não querem reconhecer o problema; mas os meios de comunicação abordam este tema dando-lhe algum valor e falam do assunto. Existe uma infinidade de mangá e animé (banda desenhada e filmes de animação japonesa) que focam este tema das mais variadas formas: humoristica, com toques eróticos ou mesmo pornográficos. A polémica existe, e além disso parece que esta a saltar fronteiras gerando cada vez mais interesse pelos estrangeiros.
Escrito por: Fernando Ferreira
Kuku
A moça que tem que se sentir culpada, né, e não o cara mais velho babaca que tá dissuadindo a moça a fazer isso
Botando culpa nas vítimas mais uma vez
Olha o machismo ridículo dessa matéria
t3tsuo
A intenção ao publicar este artigo não tem nada a ver com machismo, mas sim mostrar como a sociedade japonesa lidava/lida com este caso, que para nós ocidentais tem outro nível de tratamento, embora no Japão também o devesse existir e penso que estão a serem tomadas regras para esse efeito.