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[Entrevista] : Kenji Siratori

Um dos nomes indiscutíveis da literatura cyberpunk do momento é o japonês Kenji Siratori. Ele intitula-se um escritor hipermoderno que trabalha num ambiente digital. Nasceu em 1975, actualmente vive em Sapporo, Japão. Publicou “Blood Electric” (Creation Books), foi aclamado por David Bowie e trabalhou com David Lynch numa série de curtas metragens. Recentemente editou um disco na netlabel nacional MiMi Records. O ClubOtaku foi tentar conhecer um pouco mais Kenji Siratori. Aqui fica a conversa:

Passaram 4 anos desde a tua primeira novela Blood Electric. O que sentes quando olhas para trás e comparas onde estás agora?
Bem, para mim Blood Electric foi o processo prático da desconstrucção humanóide para a visão mutante. Adquiri o drama mutante primitivo através do Blood Electric. É o ruído da nossa vida e da resistência á morte do nosso sistema nervoso. E agora eu inspiro Blood Electric com a impossibilidade da reprodução. Assim com a era da respiração-byte!

Quando escreves, pensas em Inglês ou Japonês? Qual (e porquê) consideras ser a tua linguagem literária.
Certamente primeiro cartografo o meu cérebro em Japonês. Depois esmago esse mapa cerebral no drama mutante das minhas células nervosas. Para mim a “linguagem literária” é a linguagem universal das nossas vidas. Essa frase é uma reprodução industrial do nosso cérebro e a linha de respiração da nossa visão como um Mantra. Eu componho a experiência do ruído do nosso corpo humano atrás deste primitivo drama mutante.

Como é que imaginas as palavras novas que utilizas nos teus livros?
Ok. Eu vejo a palavra. As minhas células nervosas absorvem a palavra-visão alquímica no drama mutante primitivo. E eu coloco para fora este corpo humano pós-industrial exterminado como a minha experiência de ruído de vida.

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As primeiras imagens que me vêm ao disco-rigido (o meu cérebro) quando leio os teus trabalho são extremas e cheias de sexo e violência. Imediatamente associo-as a autores como Masami Akita(aka Merzbow), Tsukamoto Shinya ou Suehiro Maruo. Esses autores tiveram alguma influência em ti ou no teu trabalho? Para onde vão, ou como é que crias essas imagens e temas.
Conheci Masami Akita recentemente. Merzbow é um grande cientista do ruído da vida. Eu vou codificar a minha experiência do ruído da vida como PDA do nosso corpo humano. E o meu cérebro vai emitir o vírus-mental como o drama mutante primitivo das nossas vidas. Eu não tento inserir essas imagens e temas. Elas são o meu ataque literário as nossas vidas no cérebro de um antropóide, e as gravações ceias de genes da minha experiência do ruído da vida.

Quem são, então, os nomes e autores, do passado e presente, que considera serem as suas maiores influências?
Aos dezoito anos, fui influenciado por Georges Bataille, Antonin Artaud, e a filosofia de Billes Deleuze / Felix Guattari. E agora tenho a autonomia quasi-viral da excitante influência da experiência do ruído da minha vida.

Foi recentemente lançado pela MiMi Records outro projecto teu, desta vez com dois músicos portugueses. Qual é o teu relacionamento com a musica e como é que se interliga com a tua experiência literária?
A minha relação com a música é genérica e alquímica. Para mim a musica é o DNA da nossa experiência do ruído da vida. No drama mutante primitivo das nossas vidas, a música gera o nosso fluxo cerebral de sexo e violência. Isto é a reacção química geométrica do código genérico na minha experiência do ruído da vida. Logo este DNA gerado serve o cérebro pós-industrial do nosso corpo humano.

Neste momento, que musicas tens no iPod?
Goat’s Holy Mountain. É o orgão auditório sem compromissos no drama mutante primitivo.

Para ti Portugal significa…E o Japão? Como o vês?
Sim. Eu tenho estado activo noutros paises, não no Japão. Não tenho estado consciente do Japonês. O Japão tem uma doença que fez perder o sentido ao drama mutante primitivo das nossas vidas. Para mim, o Japão é o local isolado em aonde procuro a minha vida verdadeira.

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Imagino a tua vida diária como completamente digital. Alguma parte dela é ainda analógica?
Não. A minha vida real é bastante analógica! É a sombra de Kenji Shiratori e provavelmente ninguém a pode imaginar. Não tenho TV ou carro. Não leio jornais. Em vez disso tenho a natureza. Por isso a minha vida real pode ser digital como a última analogia. Porque a minha vida real existe para a transmissão da minha experiência do ruído da vida.

Quais são os teus planos, se os tem, para o próximo par de anos? E a longo prazo?
Provavelmente agora sou a infecção viral do drama mutante primitivo. Não é uma categoria como arte. Se a minha experiência do ruída da vida é arte real, explodiria em morte sempre.

Antes de acabar, sugiro um jogo. Escolhe um dos seguintes pares de palavras
Gojira ou Ultraman?
Gojira
Cyberspace ou Hiperspace?
Cyberspace
Mac ou Sony Vaio?
Mac
Intranet ou Internet?
Internet

Podes deixar alguma palavras finais para os leitores do Clubotaku?
Em ordem para sentirem o puro drama primitivo das nossa vidas, por favor expludam a vossa morte para a vossa experiência do ruído da vida em momentos.

Autor:Fernando Ferreira

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