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Períodos da História Japonesa (Parte I)

Há mais de 100 mil anos o arquipélago japonês começou a ser habitado e descobertas arqueológicas do período paleolítico mostram que os ancestrais dos japoneses desconheciam a agricultura e viviam da caça e pesca e colhiam o que era possível das plantas e árvores que cresciam na natureza. No período neolítico, começaram a usar facas, machados, flechas e outros utensílios de corte, feitos de pedra.

Também produziam recipientes de cerâmica para cozinhar e armazenar alimentos. A era entre 8.000 a.C. a 300 a.C. foi chamada de período Jomon, em homenagem ao estilo Jõmon (marcado com listras) de cerâmica. O período Jomon encerra-se por volta de 200 a.C., quando uma nova cultura, conhecida como Yayoi, possivelmente migrou da Península Coreana, trazendo consigo novas influências culturais que caracterizaram este período.

Acredita-se que os descendentes mais próximos dos Jomon sejam os ainos, um povo etnicamente distinto dos demais japoneses, e pouco numeroso, ainda presente nas ilhas de Hokaido, Sacalina e algumas ilhas menores do arquipélago.

YAYOI (300 a.C. a 300 d.C.)

Era entre 300 a.C. a 300 d.C. foi chamada de período Yayoi, em homenagem a cerâmica torneada produzida na época. No início desta era a população começou a fazer uso da agricultura (proveniente do continente asiático), através do cultivo de arroz e cevada. Além disso, eles aprenderam com a Coreia a fabricar instrumentos de metal como espadas de bronze, lanças, espelhos e pás de ferro.

A rápida expansão da agricultura provocou a formação de aldeias uma vez que o povo começou a deslocar-se para cultivar em terras mais apropriadas. Com a vida comunitária também iniciou a formação de líderes e assim as pessoas com poderes religiosos especiais e qualidade de liderança começaram a dominar as aldeias. Em seguida, aldeias mais poderosas passaram a subordinar vizinhanças mais fracas levando, consequentemente, a formação de pequenos reinos.

Estes pequenos reinos foram fortalecendo-se e em meados do século V – a.C. já existiam grupos poderosos e bem organizados, principalmente nas áreas de Kyushu e Kinki (Osaka e Kyoto). Um destes reinos foi dominado pela Casa de Yamato (a actual família imperial é descendente desta Casa).

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Período Yamato (séc. III d.C. – 710)

Cerca do ano 200 d.C. O poder e a influência da Casa de Yamato cresceram rapidamente e a nação foi unificada sob o domínio desta casa. Do período do século IV ao século VI houve um grande desenvolvimento na agricultura. Em 532 d.C. o Budismo foi introduzido no país (vindo da Índia através da China e Coreia). Também houve a entrada da escrita chinesa, baseada em caracteres ideográficos e assim os japoneses puderam aprender conhecimentos de medicina, calendário, astronomia e filosofia do Confucionismo.

No final do século IV estabeleceu-se contacto entre o Japão e reinos da Península Coreana. Através da Coreia o povo conheceu técnicas industriais como tecelagem, trabalho em metal, curtume e a construção de navios, que se desenvolveram originalmente na China, sob a dinastia Han.

Em 607 uma missão da família Yamato foi a China (dinastia Sui) e em 645 aconteceu a reforma de Taika, seguindo o modelo da Dinastia Tang, que visava a unificação administrativa do país.

Período Nara (710 – 794)

Foi no início do século VIII que a capital japonesa se transferiu para Nara. Até então a capital (ou sede do trono) se deslocava com frequência na região, girando em torno das cidades de Nara, Kyoto e Osaka. Neste período a unidade nacional se fortaleceu, assim como o poder da corte Imperial, que iniciou a tendência pelo domínio privado da terra. Houve também a formação de santuários xintoístas e templos budistas, sendo que o Budismo cresceu muito o que provocou o aumento do poder dos monges que, muitas vezes, chegaram a interferir na política.

A civilização japonesa avançou muito com a adopção da cultura chinesa e também com o desenvolvimento de padrões japoneses próprios na arte e criação literária. Entretanto, este nível de cultura elevada era limitada a capital Nara, dominada pela nobreza.

Os mais antigos documentos existentes sobre mitologias e lendas do período pré-histórico do Japão foram publicados neste período, sendo o Kojiki (em 712) e o Nihon Shoki (em 720). Em 760 ocorreu a publicação de Man’Yoshi, antologia poética. Este período também se destacou pela invenção dos silábicos japoneses Katakana e Hiragana, em meados de 750.

Período Heian (794 – 1192)

Foi em 794 que a capital se transferiu para Kyoto e a Casa Imperial continuou poderosa. No fim do século IX grandes transformações começaram a surgir no cenário nacional.

Neste período aumentou em todo o país o número de propriedades arrendadas, onde tanto a terra quanto o povo estava sob o domínio privado. Muitas pessoas (lavradores das terras estatais) sofrendo com os pesados impostos começaram a fugir para este novo tipo de propriedade.

Entre os maiores possuidores de terras arrendadas estava a Família Fujiwara, que usou a terra como base de poder. Assim em 858 apoderou-se da Casa Imperial e o domínio do governo, através do casamento com a família imperial. À medida que o poder do governo central se enfraquecia, a supervisão administrativa e a política de protecção em Kyoto tornavam-se inadequadas. Em meados de 1011 muitos proprietários começaram a recrutar camponeses como soldados particulares para proteger as suas terras, começando assim a era do samurai ou a classe guerreira dos clãs. A partir de 1087 iniciou a coexistência do imperador enclausurado e recebendo uma renda, com um poder político real.

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Mais tarde, nobres insatisfeitos com o domínio Fujiwara, partiram para regiões remotas e se tornaram líderes da classe guerreira. As famílias Minamoto e Taira participaram num dos conflitos mais celebrados e duros da turbulenta Idade Média do Japão. No final, os Minamoto aniquilaram os Taira na épica batalha de Dan-no-ura, no mar Interior, em 1185.

Apesar da confusão que ocorria fora da capital Kyoto, a Família Fujiwara atingiu o pico da glória por volta do século X, na qual em 894, o fim das missões regulares a China acelerou o desenvolvimento de uma cultura japonesa nativa, muito refinada e sofisticada. Foi um processo de assimilação e adaptação da cultura vinda do exterior como por exemplo a complexidade da forma chinesa levou escritores e sacerdotes a elaborarem uma escrita japonesa através de dois grupos de sistemas silábicos.

Assim, alfabetos fonéticos ou Kana (como são chamados) foram aperfeiçoados e o seu uso foi ampliando-se e substituindo a escrita chinesa. Foram criadas obras-primas de arquitectura, pintura, escultura e literatura. Apareceram muitos trabalhos literários, particularmente sob a forma de diário e poemas de 31 sílabas.

No final deste período também houve uma abertura para reformas religiosas e de introdução ou nascimento de novas doutrinas budistas.


Autor:Rita Saraiva

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