Sendo o Japão um país de extremos, é natural que para nós ocidentais sejam demasiado estranhas algumas das práticas de foro sexual, como é o caso do fenómeno Burusera, um tipo de lojas que existe no Japão onde as mulheres jovens vendem as suas cuecas usadas. A palavra “Buru” significa cuecas, e “sera” vem da palavra inglesa “sailor”, uma referência aos uniformes de marinheiro usados nos colégios japoneses.
Nestas lojas também são vendidos outros tipos de roupa, mas tendo sempre como referência os uniformes escolares sendo eles o tradicional casaco, a saia plissada ou fatos de banho. É comum embalarem estes artigos com uma fotografia da antiga dona que os usou. Os clientes são habitualmente homens que procuram estimulação sexual através destes fetichismos que são as cuecas usadas das jovens.
No passado não muito distante chegaram a existir máquinas de venda na rua deste tipo de artigos, mas obviamente não ficavam à vista de toda a gente.
Além do fenómeno Burusera, também existe uma variação denominada Namasera. O prefixo “nama” significa fresco, ou seja, o conceito é o mesmo que o Burusera, mas neste caso os artigos são usados pela mulher, e são entregues directamente ao comprador nas lojas especializadas.
O preço normal para um par de cuecas pode rondar os 5 mil a 10 mil ienes, o que dá um valor aproximado entre os 20 e 70 euros. O seu valor é proporcional ao tempo de uso. Quanto mais velhas e, consequentemente, com o cheiro mais forte, mais valem, sendo vendidas embaladas em sacos plásticos para não perderem seu odor facilmente.
Muitas estudantes que ainda não cumpriram a maioria de idade participam na venda da sua roupa íntima em lojas especializadas ou utilizando as redes de telemóvel ou internet para vender directamente aos clientes. Em 2004, muitas mulheres menores de idade (a que os japoneses dão o nome de Kagaseya) foram obrigadas a abandonar a prática por razões legais.
Outra forma que encontraram para sacar um dinheiro extra, sem vulnerar a lei, é vendendo fotos vestidas com os seus uniformes colegiais, por uns 5.000 ienes aproximadamente, e juntar a essa foto umas cuecas usadas como se fosse um brinde de revista. Em casos mais extremos as jovens procuram sempre novas formas de controlar a lei e fazer ainda mais dinheiro.
Em alguns casos, as jovens nem precisam de vender a sua roupa interior, porque lhes basta sair com um “cliente” a uma qualquer sala de Karaoke, e deixar que a pessoa coloque a sua cabeça entre as pernas para que assim possa cheirar os odores íntimos, até ficar saciado. Esta prática tem o nome de kagaseya, 嗅がせや, e os homens chegan a pagar até 10.000 ienes.
O fetiche das cuecas usadas não é exclusivo do Japão. No entanto, é o único país onde se institucionalizou esta prática de comércio para estimulação sexual. Nós, ocidentais, podemos achar tudo isto muito estranho, mas vale a pena lembrar que o Oriente tem uma visão bastante diferenciada sobre sexo e sexualidade.
Escrito por: Fernando Ferreira