Tenho preferência por animes (não é só nos animes, obviamente, mas é o relevante neste caso) que tenham algum conteúdo por detrás das imagens que passam diante dos nossos olhos. Isto é, que nos façam pensar em algo. Torna-se muito mais interessante quando há uma temática que de algum modo corresponde às nossas vidas e à vida em sociedade, do que quando simplesmente vemos lutas de poderes entre os “bonequinhos”.
No entanto, por vezes não é fácil aliar uma boa temática à capacidade de entretenimento. Isto é, também não gosto quando o anime se torna maçudo demais. Quando uma série nos faz não querer parar de ver os episódios, um atrás do outro, geralmente é porque este objectivo foi bem conseguido, e estamos perante um bom anime.
Gantz começa por fazer-nos pensar: o que acontecerá após a morte? Uma temática já bastante explorada, em que Gantz consegue mostrar uma perspectiva de alguma forma original.
Num ambiente, que nos faz lembrar uma mistura entre O Cubo e Battle Royale, pessoas tentam lutar para que lhes sejam devolvidas as suas vidas. E se depois de morrermos tivéssemos uma segunda oportunidade?
E se para que pudéssemos voltar à nossa vida, nos víssemos obrigados a matar alguém. Será que o faríamos?
Gantz é, tal como grande parte nos animes, baseado em manga, que já conta com 267 capítulos, e continua em publicação. Para os interessados, o primeiro volume em inglês foi publicado pela Dark Horse Comics no final de Junho de 2008.
O anime, pelos estúdios Gonzo, conta-nos em 26 episódios (divididos em duas séries) uma parte da história, tendo, obviamente, um final alternativo do manga. (se não, não teria já acabado!). Não vou aqui fazer comparações, visto não ter lido o manga, mas considero ser por vezes preferível terminarem o anime, mesmo que para isso tenham de alterar algumas coisas da versão original, do que terem de andar a “encher chouriços” (não há melhor tradução para fillers) para acompanhar a publicação do manga. (Bleach, anyone?)
No entanto, o anime deixa-nos a querer saber mais, e com algumas perguntas em mente, e o manga, pelo que já vi, explica muito mais, e proporciona-nos bastante mais detalhes, até porque…continua!
Há que salientar, que vi a versão uncut do anime. Algumas cenas agressivas e outras de conteúdo sexual. (algumas destas últimas a proporcionarem umas boas risadas). O personagem principal retrata bastante bem um adolescente com as hormonas aos saltos, o que ajuda bastante a caracterizá-lo. (Não sei o que cortaram na versão censurada, mas, e fora as crianças que estejam a ler isto, claro, vejam a versão não censurada). Para as crianças há por aí muitos outros animes mais indicados.
Gantz é um anime bastante diferente dos anteriores, e que me surpreendeu pela positiva.
Autor: Sara Guerreiro