Após um dia de trabalho, eis que chega a hora de picar o ponto. Rapidamente me dirijo ao cacifo para mudar de roupa e vestir-me a rigor para o que antevia ser o concerto do ano. Calças de ganga, T-shirt com o logótipo do LSDJ e toca a entrar no carro.
Cheguei ao Maus Hábitos pelas 00:00h, juntamente com o Jorge, personagem carismática e simultaneamente intrigante, apreciadora do bom metal da velha guarda. Sala bem composta, com algumas personagens intrigantes que já se tornam hábito em espaços como aquele. Uma mescla de Metaleiros, Skaters, Góticos, Rastas, enfim, um multiculturalismo que apenas nos faz alargar os horizontes.
Eis que à segunda cerveja aparece um indivíduo Japonês, de mochila às costas, gorro e um casaco adequado para enfrentar a era glacial. Era ele, o maior artista da chiptune scene dos nossos dias. O grandioso Shigeru Ishihara também conhecido por DJ Scotch Egg. Rapidamente o vou cumprimentar. Rapaz acanhado, um pouco envergonhado. Conversas de circunstância, agradecimento por ter vindo ao Porto, e imediatamente começamos numa pequena discussão sobre LSDJ vs Nanoloop. Só tive pena te não ter levado o gameboy para o autografar.
Começa o espectáculo, as honras de abertura couberam aos HHY & Spaced Out, pertencentes ao colectivo Faca Monstro. O som deles é uma agradável mistura de Dubstep com muito Industrial pelo meio (industrial demais para alguns ouvintes que não aguentaram os decibéis debitados pelos jovens e afastaram-se). A qualidade de som do espaço é muito acima da média e no geral estiveram bem. Apenas achei que deviam praticar mais a actuação em conjunto pois atropelavam-se várias vezes, tornando a sonoridade um pouco confusa.
Após a actuação dos Faca Monstro, eis que Scotch Egg sobe ao palco.
Retira 3 gameboys e meia dúzia de cartuchos de dentro dum gorro de pai natal
Um teclado de brincar Casio, um pedal de distorção, uma pedaleira de efeitos e um microfone. Estava montado o palco.
O que aconteceu de seguida é impossível de explicar por palavras. A pessoa tímida que conheci instantaneamente se transformou, emanando uma energia como nunca vi. Ele saltava, berrava, puxava pelo público, ia para o meio do público, simplesmente genial. Sala cheia, todos a delirar com o Hardcore / Gabba / KFCcore (como ele gosta de apelidar).
Não sei contabilizar quanto tempo passou, mas seguramente que para mim, sentado num dos subwoofers, passaram-se horas. E seguramente que para Scotch Egg também pois quando terminou a actuação estava a escorrer agua, literalmente.
Para os apreciadores de chiptunes, 8bits, noise, e todas as outras novas formas de expressão música foi sem sombra de dúvida uma noite memorável. Uma performance extraordinária, que deixou o meu amigo Metaleiro fã do homem.
Se tiverem oportunidade de o verem ao vivo, façam os quilómetros que tiverem de fazer, pois vos garanto que não se vão arrepender.
Deixo um link para uma música. Peço desculpa pela péssima qualidade de imagem e som mas foi gravado com um telemóvel.
Fotos tiradas por:Dalila Fraga e Joana Jesus
Autor:Sandro Santos