Há menos de um mês a revista online Cosplayer comemorou 1 ano de exisência. O ClubOtaku quis saber mais sobre este projecto e qual o ponto de situação do Cosplay em Portugal. Para isso entrevista-mos Daniela Oliveira uma das responsáveis pela revista Cosplayer.
Antes de começarmos a entrevista podias apresentar a equipa que compõem a Cosplayer.
A equipa da Cosplayer é composta por Daniela Oliveira, Marta Lebre, Marta Camilo, Sílvia Soares, Andreia Rodrigues, Leonor Grácias, Andreia Alves, Hugo Gonçalves e Filipe Jesus. Temos também vários colaboradores que participam ocasionalmente.
Quantas pessoas trabalham na produção da revista? E como se distribuem?
A Daniela Oliveira e Marta Camilo organizam as matérias e temáticas a abordar em cada e-zine a par com o design editorial; A Marta Lebre e Andreia Rodrigues encarregam-se das entrevistas e respectiva fotografia do/a CosplaySTAR de cada edição; A Sílvia Soares cria tutoriais e faz a revisão dos conteúdos finais de cada revista; A Andreia Alves é a nossa repórter na zona do Porto; A Leonor Grácias e Hugo Gonçalves são os nossos fotógrafos de eventos e Filipe Jesus é repórter e também escreve crónicas.
Quantos leitores/downloads tem a vossa revista?
A Cosplayer tem imensos leitores espalhados pelo mundo, só na última edição chegou aos 600 downloads.
Para criarem uma revista como a Cosplayer é natural que também façam cosplay. Que personagens é que a equipa da Cosplayer já fez?
Quase todos os membros da equipa da e-zine são cosplayers e alguns já fazem cosplay há muitos anos. Não me recordo de todas as personagens que já fizeram, mas posso mencionar alguns que algumas pessoas que participam nos eventos se devem recordar: A Sílvia Soares já fez cosplay de Chun-Li de Street Fighter, a Marta Lebre de Edea de Final Fantasy VIII, a Marta Camilo de Tifa do Final Fantasy Advent Children, a Leonor Grácias de Queen Esther Blanchett de Trinity Blood, e a Daniela Oliveira de Rinoa Heartilly do Final Fantasy VIII-X.
Todos sabem que um bom cosplay se faz com um bom fato. Apesar de em Portugal não existirem lojas especializadas em fatos para cosplay, já existem pessoas a importar do Japão. Qual é a vossa posição sobre este facto?
O cosplay é um hobbie muito abrangente, que atrai pessoas das mais variadas idades. A atitude de um cosplayer relativamente ao seu fato depende muito em como encaram o hobbie. Alguns cosplayers possuem o gosto não só por se disfarçarem das suas personagens favoritas como também por criarem o seu próprio fato e acessórios, gostam de estar envolvidos em todo o processo e de serem reconhecidos pelo personagem que encarnam em conjunto com o esforço que puseram na elaboração do fato. Outros cosplayers querem apenas divertirem-se por um dia encarnando a sua personagem preferida e como tal optam por adquirir os fatos. Existem também os cosplayers que adquirem os seus fatos devido à falta de tempo ou mesmo paciência para os elaborarem. Não se deve excluir um cosplayer só porque não elaborou o seu próprio fato, visto que todos têm o direito a se divertirem independentemente do talento com a costura. Isto assumindo, é claro, que quem adquiriu o seu fato o admita e não o tentando passar por algo feito por ele próprio, o que infelizmente é um caso frequente em competição. Tal é injusto para quem se esforçou e elaborou o seu fato de raíz, para além de não se poder comparar o talento de uma pessoa não-profissional com um profissional da costura.
O cosplay tem aumentado a olhos vistos em Portugal. Como é que vocês têm visto este fenómeno desde que a revista apareceu?
Há dez anos atrás, o cosplay era ainda um hobbie desconhecido, com apenas um evento anual no qual podia ser praticado. Com o aumento do número de fans de anime em Portugal, o interesse pelo cosplay também aumentou levando ao aumento do número tanto de participantes como de eventos. Este aumento por sua vez levou a que o cosplay fosse mais mediatizado com maior exposição e publicidade, não só na internet mas também na imprensa em geral. Esta maior mediatização levou a que o cosplay se tornasse conhecido por parte de um público que de outro modo não o seria. Tal facto levou por um lado a um maior aumento do número de participantes e por outro a que começasse a haver não só maior facilidade em organizar eventos de cosplay, mas também a que houvesse uma maior compreensão e aceitação por parte dos locais e entidades muitas vezes contactadas para que os eventos possam decorrer.
Mas também existe o outro lado da medalha, nestes últimos tempos qualquer evento que se faça relacionado com o Japão aparecem concursos de cosplay. Não acham que isto poderá saturar o cosplay em Portugal?
Por um lado é positivo visto que incentiva a uma melhor confecção de fatos e adereços, mas em contrapartida existe quem o faça apenas pelo reconhecimento de lhe ser atribuído reconhecimento com um prémio.
O aumento dos concursos de cosplay, muitas vezes utilizados como um mecanismo para atrair participantes aos eventos, faz com que os cosplayers repitam os seus fatos e apenas apresentem novos fatos aos principais eventos ou a eventos com o selo de apoio directo da Embaixada do Japão.
A quantidade nem sempre é amiga da qualidade. Mas tenho estado relativamente atento ao fenómeno e reparo que a qualidade tem vindo a aumentar em Portugal. Acham que já estamos ao mesmo nível que alguns países da Europa ou mesmo nos Estados Unidos onde o cosplay é mais “forte”?
Efectivamente com o passar dos anos a qualidade dos fatos tem vindo a aumentar, o qual nos alegra bastante. No entanto o cosplay ainda é uma actividade jovem em Portugal, e como tal, ainda não estamos, em geral, ao nível de países nos quais o cosplay já existe há muito mais tempo.
Ainda falando sobre o que se faz lá fora. Parece que estamos a assistir a mais uma importação do Japão. Falo-vos dos “maid cafés” (que para quem não conhece o termos, são cafés onde as empregadas normalmente usam uniformes victorianos. Acham que seriam viável um café destes em Portugal?
Pensamos que talvez ainda seja um pouco cedo demais para se avançar com um conceito tão diferente como os maido cafés (do estilo cosplay). Um maido café típico inglês/francês em zonas frequentadas pela classe média/alta ou com grande afluência turística, talvez resultassem. Embora no contexto de eventos, certamente que resultam.
Voltando ao cosplay nacional. Sei que não devia fazer esta pergunta, mas poderiam eleger 3 cosplays nacionais que viram neste primeiro ano de revista?
A revista Cosplayer é dedicada a todos os cosplayers nacionais, e como tal, temos que tentar ser o mais imparciais possível, não demonstrando favoritismos. No entanto, ficamos contentes de termos excelentes exemplos do Cosplay Português nas nossas páginas em apenas um ano de existência.
Como é que selecionam os cosplayers e os artigos que vão aparecer no próximo número? Ou seja, como é feito o critério de selecção?
Tentamos sempre abordar cosplayers que possuam pelo menos já alguma experiência no ramo do cosplay, com um certo número de fatos e que se tenham destacado não só pelos bons fatos que apresentam mas também pela boa postura que possuem dentro da comunidade.
Quanto a artigos, tentamos sempre fazer reportagens de eventos que tenham tomado lugar nos meses anteriores ao lançamento da revista, para além de abordar temas que tenham estado em destaque nessa mesma altura.
Quais são os planos a médio e longo prazo para a Cosplayer?
Agora pretendemos melhorar na nossa capacidade de cumprir prazos para que a Cosplayer possa estar online na altura devida. Para além disso pretendemos vir a melhorar formato actual para que possamos então avançar para outros temas envolventes na no mundo do cosplay. A longo prazo gostaríamos de ver a Cosplayer nas bancas.
Querem deixar alguma mensagem para os leitores do Clubotaku?
Agradecemos a entrevista e convidamos todos os visitantes do ClubOtaku a lerem a Cosplayer ( http://www.cosplayer.pt.vu ). Aos cosplayers ou entusiastas pelo hobby deixamos a seguinte mensagem: O Cosplay é suposto ser uma actividade lúdica, não de competitividade desenfreada. Se a preocupação máxima de alguém é fazer cosplay para ganhar. Pare, respire e volte a pensar o que realmente é o Cosplay e o que o torna num hobby tão fascinante.
Autor: Fernando Ferreira