Sayaka Kihata é uma realizadora japonesa, vencedora do Prémio de Excelência no Tokyo Anime Award Festival por I Can’t Breathe), e cujo trabalho mergulha numa mistura de tristeza, dor, arrependimento, e paz.
A cineasta estudou animação na Universidade de Artes de Tama em Tokyo e atualmente podem ver no Youtube os seus trabalhos mais recentes, dos quais destacamos I Can’t Breathe e Special Program, ambas obras de animação criadas usando areia.
Como já devem ter percebido, tivemos a oportunidade de entrevistar Sayaka e dessa conversa saíram pormenores bastante interessantes sobre o seu trabalho e processo criativo, elementos que certamente vocês irão gostar.
Acho que a primeira coisa que gostaríamos de saber é de onde vem a sua paixão pelo cinema de animação.
Gosto de animação desde a infância. Quando fiz o meu primeiro filme, decidi usar animação.
Atualmente é raro vermos animação feita com areia. Porque escolheu esta técnica para criar o seu trabalho? Pretende usar outras técnicas no futuro?
Eu queria muito fazer um filme de ação usando a técnica da animação com areia. No futuro poderei usar outras técnicas dependendo do tema que queira expressar.
O que a inspira na criação das suas histórias?
O quotidiano, a banda desenhada, e os filmes de animação.
Quando vi “I Can’t Breathe” e “Special Program” reparei imediatamente nalguns temas recorrentes que gostaria de discutir consigo. O primeiro é a “morte” (o rapaz que quase mata o amigo e o leitão que confronta a própria morta). É um tema muito pesado que apela às emoções do público. Tem um significado especial para si?
É a primeira vez que penso nisso. Realmente uso temas recorrentes. Acho que a morte é muito importante para uma pessoa. Quando faço uma história sou capaz de inconscientemente usar o elemento “morte” para transmitir o sentimento de “tensão”.
Outro tema recorrente é a “crueldade humana” – o rapaz que não percebe que está a matar o amigo, o cozinheiro que não compreende as emoções do leitão, e o público que aplaude o desespero do animal (o único que o tenta ajudar é o elefante, um outro animal). Acha que as pessoas tendem a ser cruéis por natureza, mesmo sem o perceberem?
Quando uma história acontece, as pessoas numa posição mais alta comportam-se de forma cruel. Claro que acho que as pessoas possuem um lado cruel mas acredito também que possuam um outro lado, um lado bom.
E finalmente, “redenção”. Quer ela seja genuína ou falsa, os seus personagens tendem a procurar algum tipo de redenção, trazendo as histórias a um final feliz. Tenta trazer alguma esperança ao seu público?
Gosto de apreciar animação e de ver uma obra várias vezes. Por isso, faço histórias com um final feliz.
Falando no público, quando cria tem em mente a opinião que o público terá? Cria com um tipo de espectador em mente?
Quando crio animações penso no que o espectador irá pensar e sentir ao ver o filme. Dou grande valor à opinião do público e por vezes esta permitem-me descobrir coisas sobre mim.
Depois de ver o seu trabalho não posso esperar por ver mais! Tem novos projectos em mente?
Quero fazer mais filmes de animação, mas ainda não sei quando isso acontecerá.
Tenho uma questão final. Alguma vez pensou que o seu trabalho encontraria um público internacional? Como se sente em relação a isso?
Quando fiz os meus filmes foi não apenas com o público japonês em mente mas também a pensar no público estrangeiro. Foi muito impressionante perceber que tenho espectadores que veem o meu trabalho pela web e pelas exibições em festivais.
Obrigada pelo seu tempo! Para terminar esta entrevista gostaria de saber se tem alguma mensagem para os nossos leitores.
A todos os que viram os meus filmes, vocês têm a minha gratidão.
Entrevista por: Ângela Costa