Este sports anime sobre natação chega-nos pela mão do director de The Melancholy of Haruhi Suzumiya, K-On!, Clannad e Lucky☆Star – Hiroko Utsumi, produzido pela Kyoto Animation com base na light novel escrita por Kōji Ōji, de nome “High Speed!”.
Ao pensar em desporto, automaticamente é associado o factor competição. No entanto, o protagonista de Free!, Nanase Haruka, é tudo menos competitivo! Este personagem adora água ao ponto de passar a maior parte do seu tempo livre no interior de uma banheira, tendo zero vontade de competir…até ao dia em que o seu amigo de infância, Matsuoka Rin, o desafia para tal. A partir daí, tudo muda: Haruka e os seus amigos, agora estudantes de secundário, decidem relembrar os velhos tempos passados no clube de natação local e criam um clube na sua escola, participando em competições e treinando sem parar para se superarem.
É uma história realista de cinco amigos focados no seu hobby e que lidam com dilemas reais. Desengane-se quem considera esta série como um slice of life: é puro género desportivo com uma ênfase em mostrar o percurso de pessoas com algumas capacidades que podem existir em qualquer parte do mundo, não se tratando necessariamente de génios.
Tendo isto em mente, é observável o esforço em mostrar o conceito atlético, realçando o mundo do desporto e o estímulo para alcançar algo mais nesse meio, o reconhecimento e tudo o que isso traz: amigos, antagonismo, a ocupação do tempo para treinar e a fortificação do corpo e da alma como resultado, com algum fanservice pelo meio (uma piscadela de olho do director ao desenhar músculo em detalhe extremo e de forma apelativa).
O que mais se destaca ao longo dos seus 12 episódios são as relações de simpatia, amizade e rivalidade entre o grupo de rapazes: os seus sentimentos ora positivos, ora negativos, podem parecer pouco razoáveis nunca deixando de ser puros ou até infantis – o que os faz perceber que têm de crescer e amadurecer. Aprendem, assim, a dar valor àquilo por que estão a passar e, por isso, tentam preservar nos seus corações os momentos importantes das relays que tanto gozo lhes dão.
A nível de aspectos técnicos, os cenários estão bons, de tons claros e harmoniosos, mas acabam por não receber grande atenção devido ao detalhado desenho dos personagens, que a roubam para si. Cada um deles, desde os seus músculos bem delineados e as proporções dos seus corpos até ao cabelo perfeitamente estilizado e aos olhos brilhantes e únicos, ficam com todo o protagonismo (especialmente os olhos de Haruka, de um azul tão mais claro do que a água).
A música que acompanha Free! não é espantosa mas também não foi feito um mau trabalho pois encaixa bem na série. O opening, “Rage On” por Oldcodex, típico de sports anime, parece ‘fixolas’ – fica no ouvido, tal como o ending, “Splash Free” pelos Style Five, que também cumpre, sendo cantado pelos seiyuu dos cinco personagens principais.
Portanto, se o desenvolvimento pouco apressado e calmo, ausência de suspense e existência de algum drama (por vezes, susceptível de se tornar excessivo) não for de grande incómodo, Free! é uma notável e agradável lufada de ar fresco no que toca a séries dentro género, sendo real o suficiente para o espectador se relacionar com as angústias e alegrias do quinteto fantástico, que mereceu uma segunda temporada, um OVA e um filme.
Escrito por: Ana Sofia Taborda