No planeta Luna, um carnaval que parece uma mistura do de Veneza e do Rio de Janeiro corre solto e todos se divertem, inclusive alguns jovens nobres do planeta Terra, como Albert e seu amigo Franz. No meio das festividades, Albert fica muito intrigado com a figura sinistra e carismática do Conde de Monte Cristo, sobre o qual nada se sabe a não ser que é extremamente rico e muito misterioso, e procura se aproximar dele, mesmo contra a vontade de Franz.
Quando Albert é sequestrado por bandidos, Franz não tem outra opção a não ser pedir o dinheiro do resgate ao conde, que não só o empresta, mas também liberta Albert, acabando com os bandidos de uma maneira muito misteriosa. Agradecido, Albert convida o conde para visitá-lo em sua casa e conhecer os seus pais, além de apresentá-lo à sociedade na Terra. O conde aceita e passa a insinuar-se cada vez mais na família e na vida de Albert e de todos os que o cercam. Parece haver uma estranha conexão entre o conde e a mãe de Albert, o que leva o rapaz a duvidar de seus pais, enquanto o conde parece enredar a todos numa teia de intriga e vingança.
A arte de “Gankutsuou” é inacreditável, de uma originalidade e qualidade espantosas, mas isso não quer dizer que seja necessariamente o gosto de todas as pessoas… Acho que o imenso diferencial da série é a animação gráfica de alta qualidade, aliada a uma animação convencional bastante estilizada, mas boa, no geral. O que incomoda muito, a princípio, é o fcato de que as roupas e os cabelos dos personagens são feitos a partir de padrões estáticos, ou seja, o personagem se mexe mas os desenhos da roupa, ou o brilho do cabelo, não! A impressão que temos é que partes dos personagens são… transparentes, e que vemos um fundo atrás deles. No início é bastante confuso, mas depois que a gente se acostuma, acaba se tornando a marca do anime. O que me chamou a atenção logo no início é a semelhança de várias cenas com os quadros de Klimt (pintor austríaco), que trabalhava com colagens nesse mesmo esquema.
Os cenários são um deslumbrantes e compõem perfeitamente o clima misterioso e sombrio que permeia a série. Os personagens são bastante estilizados, o que também incomoda um pouco quem gosta de desenhos mais realistas, mas não chega a comprometer o todo. As vidas dos personagens são guiadas e alteradas em razão de suas personalidades, sentimentos e fraquezas é desvendado pouco a pouco, deixando o espectador no escuro durante quase a série toda.
Gankatsuou não tem muitas cenas de acção, mas quando elas aparecem, existe bastante tensão no ar. No entanto, a série não é a mais indicada para quem procura acção e aventuras.
Gankutsu-oh significa literalmente “senhor da caverna”, já que o conde mora realmente em uma mansão subterrânea. A história é inspirada no livro O conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas (escritor francês que escreveu, entre outras coisas, Os três mosqueteiros), mas transportada para um contexto futurista e “gótico”. A história segue de perto o romance e é interessante ver como eles “casaram” a história original com a nova ambientação. Foram adicionados elementos sobrenaturais ou, pelo menos, alienígenas, já que o conde exibe marcas de não ser (mais) humano: as orelhas pontudas, os dentes afiados, a cor azulada da pele e os olhos de cores diferentes.
O ritmo do anime é lento e pesado, e lembra um pouco mangas “góticos” como Count Cain. A história é mais madura que a da maioria dos animes, e vai sendo revelada aos poucos, além disso convém estarmos atentos aos detalhes. É um anime para quem gosta de mistério, tramas complexas e aprecia experimentalismos. Grande parte da equipa deste anime é coreana, e talvez isso tenha influenciado um pouco Gankutsuou, mas os estúdios Gonzo sempre gostaram de experimentar novas estéticas e ambientes.
Escrito por: Selma Meireles