Animes de desporto. Todos já vimos pelo menos uma e, se forem como eu, provavelmente perceberam a ideia, e já não lhes prestam tanta atenção. Dito isto, quando Harukana Receive (はるかなレシーブ leia-se Harukana Reshību) estreou, em Julho deste ano (2018) e a vi na lista de animes da temporada, o meu impulso inicial foi colocá-la de lado. Mas por capricho, resolvi dar-lhe o benefício da dúvida e ver, nem que fosse, o primeiro episódio. E devo dizer, ainda bem que o fiz. Porquê? Bem, vamos contextualizar:
A nossa história começa quando Oozora Haruka, uma aluna do 11º ano de estatura consideravelmente alta (para japonesa) se muda para Okinawa, para viver junto da avó, e da sua prima Higa Kanata, que será também sua colega de turma. Depois do reencontro no aeroporto, a primeira paragem é a praia onde Haruka, habituada ao meio urbano, não consegue resistir ao sabor do Verão, correndo imediatamente em direcção ao mar de água cristalina. E é nessa praia que ela terá o seu primeiro contacto com o desporto temático desta anime: o voleibol de praia!
Observar o treino de Ayase e Narumi atiça o interesse da Haruka e, talvez devido à sua personalidade positiva e bem disposta, dá por si, uma total principiante, a combinar uma partida com a Kanata contra as duas atletas! Quando o dia chega, a partida acaba por ser, no entanto, surpreendentemente tensa e parece que há drama no ar… Mas Haruka não se deixa afectar pelo ambiente pesado e, durante esse jogo, a sua paixão pelo voleibol de praia desperta! E, quem sabe, talvez também o seu talento? Deixamos as introduções por aqui, para não vos estragar a história.
Em análise, Harukana Receive é uma anime que não desaponta. A animação, em si, está muito bem realizada, não tanto pelo design das personagens, mas pelas cores vibrantes e a fluidez da animação, que vai ao mínimo detalhe, dando atenção até mesmo aos grãos de areia que dispersam pelo ar com o movimento das atletas! As paisagens também são muito detalhadas e agradáveis de se ver, mas o ponto alto é, de facto, a dinâmica da animação durante os jogos, que é simplesmente fabulosa!
Em relação à história, sem entrar em detalhes, podemos dizer que, embora haja um desenvolvimento das personagens, ela concentra-se mais no desenrolar das competições, e não tanto no passado, ou nas relações das personagens (embora nos seja dada uma introspecção de certos momentos do passado, para fins de contexto dos eventos presentes). Também é digna de nota a utilização de alguns termos técnicos do voleibol, que achei interessante. Por isso, não se admirem de, no fim da série, terem aprendido o significado de um “Cut Shot”, um “Spike” ou um “Pokey”.
Já vi algumas reviews a considerarem esta anime como “ecchi” (que, para quem não souber, significa literalmente a letra “H”, que no Japão se usa para definir alguém ou algo pervertido) mas tenho de discordar. Embora algumas personagens sejam um pouco atrevidas (mas vamos ser sinceros, é só a Claire) são apenas simples brincadeiras entre elas, e o contexto é sempre muito “puro”. Por isso, surpreende-me ter visto esta anime rotulada como tal.
Não posso deixar de mencionar, ainda, a banda sonora composta pelo sueco Rasmus Faber que, nos momentos mais calmos, nos faz sentir como se tivéssemos sido transportados para as caraíbas, mas consegue também transmitir a emoção de uma partida que está ao rubro, o que considero excelente! (E devo admitir que, para quem não é, normalmente, fã de animes desportivos, dei por mim quase a “saltar da cadeira”, a torcer por uma das equipas, acho que isso diz muito.)
Quanto à ficha técnica, o anime foi realizado por Toshiyuki Kubooka (Berserk: Golden Age Arc), o design de personagens ficou a cargo de Takeshi Oda (Eureka Seven, Fairy Tail e Inazuma Eleven) e foi transmitida entre Julho e Setembro deste ano (2018) num total de 12 episódios.
Em conclusão, penso que, se derem o benefício da dúvida a Harukana Receive, vão ser cativados pelas personagens, pelos seus momentos cómicos e fofos mas, principalmente, vão sentir a emoção de cada jogo. Sem dúvida, uma experiência muito agradável e que, sem dúvida, recomendo.
Escrito por: M. Teixieira